Após o anúncio da saída do Ministro da Justiça Sérgio Moro, nesta manhã, os títulos do Tesouro Direto prefixados e atrelados à inflação tiveram negociações suspensas. Apenas o Tesouro Selic segue aberto, como acontecera já outras vezes neste ano, quando a Bolsa de Valores entrou em "circuit breaker", uma vez que o Tesouro Selic é usado como reserva de emergência e visa manter liquidez diária e resgate imediato.

A suspensão de negócios no Tesouro Direto ocorre sempre quando há movimentos de alta volatilidade no mercado financeiro. O dólar vem sendo negociado nesta sexta-feira, 24 de abril, a R$ 5,71 neste exato momento, recorde histórico. Já o Ibovespa, índice da bolsa, cai 7,8% agora, com estatais sofrendo: Banco do Brasil caindo 12% e Petrobras 6%.

Tesouro Direto fechado é "proteção"

O Tesouro alega que a forte alteração nos preços dos títulos aumenta o volume de negócios a preços fora da média diária e por isso o fechamento serve para "proteger" os próprios investidores (e também o governo). O mesmo ocorre na bolsa de valores quando há os "circuit breakers" uma queda maior de 10% no decorrer do pregão. A bolsa então fecha por 30 minutos para aliviar os ânimos dos investidores.

Provavelmente a negociação deverá ser encerrada nesta sexta sem reabertura, com retorno das operações apenas na segunda-feira (27). Ou seja, quem possui títulos prefixados e atrelados à inflação não poderá vendê-los, e terá de esperar a retomada das negociações para novas movimentações.

Saída de Moro da Justiça

A saída de uma das principais lideranças da administração atual, mostra que o governo enfrenta uma grave crise interna. A demissão de Luís Henrique Mandetta do Ministério da Saúde ainda em abril deste ano já dava mostras do desgaste interno por parte dos ministros com o presidente Jair Bolsonaro.

A saída de Moro se deu, em grande parte, pela decisão de Bolsonaro de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicado por Moro. O ministro se disse ainda surpreso por seu nome constar no documento publicado no Diário Oficial anunciando a saída de Valeixo, visto que não assinara o documento.

O presidente Jair Bolsonaro não apresentou até agora um motivo específico para demitir Mauricio Valeixo. O presidente admitiu que a mudança é uma interferência política porque pretende ter na PF alguém que lhe dê informações sobre investigações e inquéritos em andamento no STF.