As compras realizadas por meio do sistema de cartões de crédito, débito e pré-pagos cresceram 52% no segundo trimestre de 2021 quando comparado ao mesmo período do ano passado. No total foram negociados R$ 609,2 bilhões no período, de acordo com dados divulgados nessa segunda-feira, 9 de agosto, pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento.

Em quantidade de transações, foram registrados 7,1 bilhões de pagamentos com cartões nos meses de abril, maio e junho, o equivalente a 55 mil por minuto, 53,9% a mais do que no ano anterior.

O cartão de crédito foi o meio de pagamento que apresentou o maior valor transacionado no segundo trimestre, registrando R$ 371,3 bilhões, com crescimento de 53%, seguido do cartão de débito que movimentou R$ 214 bilhões (+ 42,3%), e do cartão pré-pago, R$ 23,9 bilhões, o que representa alta de 214,3%.

Os gastos com cartões no exterior cresceram 62% depois de seis trimestres consecutivos de queda. Segundo os dados, o volume movimentado foi de US$ 708 milhões, o equivalente a R$ 3,7 bilhões. As compras realizadas por estrangeiros no Brasil somaram US$ 492,7 milhões (R$ 2,6 bilhões), uma alta de 73,6%.

Abertura econômica reflete nesse aumento

Segundo a Abecs, o resultado é reflexo de um cenário de maior abertura da economia, com a flexibilização das medidas de isolamento social em combate à pandemia, levando em consideração que a comparação é feita com o segundo trimestre do ano passado, período de maior impacto na crise.

De acordo com o levantamento da entidade, quando avaliado o primeiro semestre do ano, os pagamentos com cartões cresceram 33,2% ao somarem R$ 1,2 trilhão. O cartão de crédito movimentou R$ 707,2 bilhões (alta de 30,8%), o cartão de débito, R$ 418,4 bilhões (alta de 30,3%), e o cartão pré-pago, R$ 41,8 bilhões (alta de 183,2%). Ao todo foram 3,6 bilhões de pagamentos com cartões no período, o que representa um crescimento de 30,5% em comparação com o primeiro semestre de 2020.

Os dados mostram ainda que o uso de cartões para o pagamento em compras na internet e aplicativos movimentou R$ 135,1 bilhões no segundo trimestre, com alta de 46,5%. No acumulado do semestre, o valor movimentado chegou a R$ 255,2 bilhões, com alta de 41,2%. O destaque foi o mês de abril, que registrou avanço de 60% dos pagamentos online.

Os pagamentos sem contato ou por aproximação no segundo trimestre cresceram 694%, somando R$ 34,4 bilhões. O mais usado nessa função foi o cartão de crédito, com R$ 19 bilhões, seguido pelo cartão de débito, com R$ 10,6 bilhões, e pelo cartão pré-pago, com R$ 4,8 bilhões. No semestre foram R$ 53 bilhões movimentados com esse tipo de pagamento. O crescimento foi de 540,7%, em comparação com o primeiro semestre de 2020. Por modalidade, o cartão de crédito registrou R$ 30,1 bilhões, o cartão de débito, R$ 15,7 bilhões, e o cartão pré-pago, R$ 7,1 bilhões.

Taxa de inadimplência caiu

O levantamento da Abecs também indicou que o segundo trimestre do ano foi o período que registrou a menor taxa de inadimplência do cartão de crédito desde a criação da série histórica do Banco Central, chegando a 3,8% em abril e ficando abaixo do índice de inadimplência geral da pessoa física em empréstimos recursos livres (4%), que inclui crédito consignado, crédito pessoal e financiamento de veículos, entre outros.

"Isso mostra que, mesmo com o aumento expressivo do uso dos meios eletrônicos de pagamento e a crise gerada pela pandemia de covid-19, o brasileiro usa o cartão de crédito de forma consciente. Ainda segundo dados do Banco Central, o saldo das transações sem juros do cartão cresceu 40,5% em junho, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Por outro lado, o crédito rotativo recuou 8,3% e registrou sua 11ª queda consecutiva", diz a Abecs.

Projeções

De acordo com a Abecs, a utilização de cartões deve ser 24,5% maior em 2021, de acordo com a revisão feita pela entidade. O número inicial era de 19%. "O avanço na abertura da economia e recuperação do setor de serviços reforçam as perspectivas positivas para o restante do ano. A tendência para os próximos meses é que o setor inicie um retorno a padrões de crescimento mais próximos aos dos anos anteriores à pandemia", afirma a Abecs. O valor movimentado deve chegar aos R$ 2,48 trilhões.

Cuidado com os juros do cartão

Apesar de a taxa de inadimplência ter diminuído sempre vale lembrar que é importante tomar cuidado com os cartões, pois as taxas de juros dos cartões de créditos são as mais salgadas do mercado, chegando a 311,7% de acordo com informações divulgadas recentemente pelo Banco Central (BC).

Então, se por um lado eles facilitam a vida, por outro, eles podem gerar muitas dores de cabeça.

Isso acontece principalmente quando a pessoa não percebe, de fato, quanto ela está gastando e assim ela perde o controle de sua fatura. Além disso, o habito de parcelar muitas compras no cartão de crédito pode fazer com que os gastos comecem a se acumular, como em uma bola de neve.

Quando chega a essa situação, muito recorrem ao bom e velho parcelamento da fatura ou ao pagamento mínimo, o que é sempre uma saída perigosa. Mas então, o que fazer? Abaixo a gente traz algumas dicas.

Como evitar o endividamento?

Veja abaixo algumas dicas de como evitar o endividamento com o cartão de crédito:

  • Controle seus impulsos
    Comprar por impulso é uma atitude comum mas que pode ser muito prejudicial. E sabemos que a sociedade é consumista, a gente aprende a querer muitas coisas, então quando temos a possibilidade de postergar o pagamento, essas gastos podem facilmente sair do controle. Faça um exercício: se permita pensar por algumas horas ou mesmo por um dia a respeito da compra e perceba se trata-se de algo que realmente precisa;
  • Faça listas de compras
    Fazer lista de compras ajuda a nos atermos somente ao que realmente precisamos. E isso vale principalmente para as idas ao mercado, mas não apenas. Assim, evitamos comprar coisas que talvez não sejam tão necessárias e às vezes até produtos que você já tem o que pode resultar em desperdício e perda de dinheiro. Ah, e claro, nunca vá ao mercado com fome, né? Você já deve ter ouvido isso de alguém e é muito real. Você vai gastar mais.
  • Veja as condições de compra antes de usar o cartão
    Verifique se não há a possibilidade de um bom desconto no pagamento à vista, por exemplo. Dependendo da compra isso pode valer muito a pena. Também verifique se os júros não aumentam excessivamente com o aumento número de parcelas (normalmente, sim) e estudo se você não pode pagar em menos vezes. Além disso, mantenha sempre o controle das contas que você já está parcelando para não formar aquela bola de neve que já citamos.
  • Estabeleça um valor máximo de gastos com o cartão
    Cartão de crédito não é renda complementar, tudo o que você compra, você terá que pagar com o que você ganha, portanto, nunca deixe a sua fatura passe de um determinado valor que você mesmo pode estabelecer tendo como base o que você ganha e quais os demais gastos que você tem por mês (aluguel, água, luz, internet, etc).
  • Não tenha muitos cartões de crédito
    Use um cartão apenas (concentre seus gastos nele) e tenha, no máximo, mais um para uso eventual. Isso ajuda a manter o controle dos gastos, a evitar atrasos nos pagamentos de faturas, entre outros problemas.
  • Nunca atrase ou parcele a fatura
    Atrasar o pagamento da fatura lhe fará pagar juros e cair no juro rotativo, por meio do parcelamento, é sempre a pior opção. Como já dissemos, esse juro é o mais alto que há. Em alguns casos você terá que pagar três vezes o valor da sua dívida. Evite totalmente essa situação.
  • Seja organizado
    Anote os seus gastos, tenha uma planilha de controle, uma agenda, um bloco de notas, etc - ferramenta para isso é o que não falta. É importante que você visualize os seus ganhos e os seus gastos porque assim você tem um controle maior da situação e conseguirá cortar o que for menos necessário, ou focar naquilo que é realmente importante.
  • Defina metas para o futuro
    Uma boa forma de evitar compras por impulso ou o uso excessivo do cartão é tendo metas. Faça planos, trace roteiros para alcançar seus objetivos. Isso ajuda muitas pessoas a poupar dinheiro e pensar melhor antes de gastar.
  • Tenha uma reserva de emergência
    Na medida do possível, guarde um dinheiro em uma conta com um bom rendimento (de preferência não na poupança, né?), que você possa usar numa emergência real. Isso evita que você tenha que utilizar o cartão de crédito para fazer uma dívida muito grande. Quando essa dívida se somar aos outros gastos que você já tem no cartão pode acontecer de você não conseguir pagá-la ou ter que parcelá-la. Nessas horas, uma reserva de emergência pode te salvar.
  • Use cartões sem taxas
    Há muitas opções de cartões de crédito e débito que não cobram anuidade ou outras taxas. Qualquer gasto a menos é válido, não é mesmo?

Já estou com uma dívida. Como sair dela?

Essa é sempre uma situação difícil, mas é possível sair do ciclo de endividamento. Abaixo listamos também algumas dicas pra você, se esse for o seu caso.

  • Organize-se
    O primeiro passo é entender o que está acontecendo, saber qual o valor de sua dívida, ver o que você ganha, quais são todas as suas despesas fixas e variáveis e ver o que pode ser cortado.
  • Pare de usar o cartão
    Se for possível, deixe-o de lado, pelo menos por um tempo. Não tente emitir novos cartões também (ao contrário, diminua a quantidade deles).
  • Tente negociar a dívida
    Sabendo o que você deve e o que você ganha, você saberá quanto você pode comprometer do seu orçamento para quitar a dívida, então pode ser uma boa ideia procurar a operadora do cartão e tentar renegociar a dívida. Você pode, inclusive, fazer uma contraproposta se a proposta que ela te fizer for alta.
    Mas fique atento para alguns detalhes:
    - opte por parcelas fixas, ainda que ofereçam parcelas que aumentam conforme o prazo de pagamento, pois essa segunda opção tende a ter juros maiores;
    -solicite o CET (Custo Efetivo Total), para que você saiba exatamente o que está sendo pago: o valor da dívida, os juros, as taxas, os impostos etc.
  • Se for o caso, faça um empréstimo para pagar o cartão
    Sim, pode parecer incoerente querer saldar uma dívida contraindo outra, mas dependendo da sua situação, essa pode ser uma alternativa porque, como já dissemos, os juros do cartão de crédito são muito altos. Você pode encontrar taxas de juros de emprestimos bem menos salgadas.

Pronto! Agora é só colocar em prática essa dicas! Esperamos ter te ajudado!