R$ 31,6 bilhões (cerca de US$ 6 bilhões). Esse é o valor que será pago em proventos aos acionistas da Petrobrás (PETR3, PETR4) nos próximos meses. O anúncio foi feito pela companhia petrolífera na noite dessa quarta-feira, dia 4 de agosto, mesma data em que ela divulgou seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2021 (2T21).

De acordo com a empresa, trata-se de uma distribuíção extraordinária, levando em consideração as perspectivas de resultado e geração de caixa da Petrobras para o ano de 2021. O valor será pago em suas parcelas, uma de dividendos e outra de juros sobre capital próprio.

Os valores serão correspondentes a R$ 1,60 por ação (em dividendos) e R$ 0,81 por ação (em JCP) e serão pagos nos dias 25 de agosto e 15 de dezembro, respectivamente. Veja mais detalhes abaixo.

Os valores serão distribuídos da seguinte forma:

  • 1ª parcela
    Valor total: R$ 21 bilhões
    Valor bruto por ação ordinária e preferencial: R$ 1,609911 por ação
    Data de corte: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 será no dia 16 de agosto de 2021 e a record date para os detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociadas na New York Stock Exchange - NYSE será o dia 18 de agosto de 2021. As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 e na NYSE a partir de 17 de agosto de 2021.
    Data de pagamento: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 o pagamento será realizado no dia 25 de agosto de 2021. Os detentores de ADRs receberão o pagamento a partir de 01 de setembro de 2021.
    Forma de distribuição: Dividendos

  • 2ª parcela
    Valor total: R$ 10,6 bilhões
    Valor bruto por ação ordinária e preferencial: R$ 0,812622 por ação
    Data de corte: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 será no dia 01 de dezembro de 2021 e a record date para os detentores de ADRs será o dia 03 de dezembro de 2021. As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 e na NYSE a partir de 02 de dezembro de 2021.
    Data de pagamento: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 o pagamento será realizado no dia 15 de dezembro de 2021. Os detentores de ADRs receberão o pagamento a partir de 22 de dezembro de 2021.
    Forma de distribuição: A Petrobras irá declarar e comunicar a forma de distribuição (dividendos e/ ou juros sobre o capital próprio - JCP) anteriormente à data de corte.

A Petrobrás destacou ainda que os valores antecipados e reajustados pela taxa Selic desde a data do pagamento até o encerramento do exercício, serão descontados dos dividendos mínimos obrigatórios, inclusive para fins de pagamento dos dividendos mínimos prioritários das ações preferenciais.

Vale destacar ainda que os valores referentes aos JCP contam com a incidência do Imposto de Renda que fica retido na fonte com a alíquota de 15%.

Segundo a Petrobras, esse pagamento é "compatível com a sustentabilidade financeira da companhia, sem comprometer a trajetória de redução de seu endividamento e sua liquidez, em linha com os princípios da Política de Remuneração aos Acionistas".

Resultados do 2T21 da Petrobras

Também na noite dessa quarta-feira, dia 4 de julho, a Petrobras divulgou seu desempenho financeiro no 2T21. E entre os principais destaques estão:

  • EBITDA ajustado de US$ 11,8 bilhões, 32% acima do trimestre anterior.
  • Lucro líquido impactado positivamente pelo efeito da apreciação do Real sobre a dívida.
  • Fluxo de caixa operacional e fluxo de caixa livre expressivos, totalizando US$ 10,8 bilhões e US$ 9,3 bilhões, respectivamente.
  • Entrada de caixa referente a venda de ativos de US$ 2,8 bilhões até 03/08/2021.
  • Redução de US$ 27,5 bilhões na dívida bruta na comparação anual e de US$ 7,3 bilhões na comparação trimestral, alcançando US$ 63,7 bilhões.
  • Dívida Líquida / EBITDA ajustado atingiu 1,49x em 30 de junho de 2021, a melhor marca desde o 3T11, quando os arrendamentos ainda não faziam parte do endividamento.

Nas palavras do CEO da Petrobras, Joaquim Silva e Luna: "É um prazer apresentar excelentes resultados operacionais e financeiros do segundo trimestre de 2021. Continuamos trabalhando duro, amparados em decisões absolutamente técnicas; evoluindo e tornando-nos mais fortes para melhor investir, suprir um mercado cada vez mais exigente e gerar prosperidade para nossos acionistas e para a sociedade".

A companhia destacou ainda que o ano de 2021 ainda é um ano de transição, em que a Petrobras segue dedicando grande parte de sua geração de caixa ao pré-pagamento da dívida, com o objetivo de atingir a dívida bruta de US$ 60 bilhões.

O CFO Rodrigo Araujo Alves comentou que: "Os expressivos resultados alcançados neste trimestre, especialmente o fluxo de caixa operacional e o fluxo de caixa livre, resultam da nossa resiliência, foco nos melhores ativos e da nossa capacidade de adaptação. Ressalto ainda a forte desalavancagem, as conquistas com o processo de gestão de portfólio e, não menos importante, o substancial pagamento de dividendos como reconhecimento aos nossos acionistas e contribuição importante à sociedade brasileira. Trabalharemos para fazer com que esse payout seja mais consistente ao longo dos anos".

Veja abaixo os principais indicadores da empresa no 2T21:

Principais indicadores financeiros da Petrobras. Créditos: Reprodução/Petrobras
Principais indicadores financeiros da Petrobras. Créditos: Reprodução/Petrobras

Receita líquida da Petrobras

Entrando em alguns dos pontos específicos da apresentação de resultados, um dos destaques é a receita líquida. Entre todos os produtos com os quais a Petrobras trabalha, o Diesel foi o que mais receita lhe trouxe, totalizando R$ 32,1 milhões no 2T21, uma alta de 137,5% em relação ao 2T20.

Em segundo lugar vem a Gasolina, com R$ 14,4 milhões gerados para a empresa, uma alta de 139,8% em relação ao 2T20, quando a empresa alcançou apenas R$ 4,9 milhões, muito em função da pandemia de Covid-19, que estava no auge na época, e por causa dos lockdowns decretados no período, que diminuíram o consumo de combustíveis drásticamente.

De uma forma geral, a receita líquida no 2T21 foi 28,5% superior ao 1T21, atingindo R$ 110,7 bilhões, principalmente devido à valorização de 13% nos preços do Brent e ao aumento do volume de vendas de derivados no mercado interno e das exportações.

No 2T21, a receita com exportações foi de R$ 33,6 bilhões, 47,2% superior ao 1T21, refletindo o aumento nos preços do Brent e o maior volume exportado, fruto da maior realização de estoques em andamento do 1T21 e da menor carga processada nas refinarias devido às paradas programadas para o trimestre.

A receita de derivados no mercado interno atingiu R$ 63,8 bilhões, aumento de 22,6% em relação ao 1T21, refletindo os maiores preços praticados e o crescimento de 5,5% do volume de vendas, principalmente de diesel e gasolina.

A receita com gás natural foi de R$ 7,0 bilhão (23,4% superior ao 1T21) devido à maior demanda do mercado não termelétrico e à atualização trimestral dos contratos de venda.

Em termos da composição da receita no mercado interno, o diesel e a gasolina continuaram sendo os principais produtos, respondendo juntos por 73% da receita nacional de vendas de derivados de petróleo no 2T21.

Veja a tabela abaixo com o resumo da receita líquida por produto:

Receita da Petrobras por produto. Créditos: Reprodução/Petrobras
Receita da Petrobras por produto. Créditos: Reprodução/Petrobras

Exportações de petróleo e derivados

O destino que mais rendeu exportações de petróleo no 2T21 foi a China, com 45% do total de volume levado para fora do país. Além da China, os melhores destinos para as vendas de petróleo nacional neste período foram Europa, América Latina, Estados Unidos e Índia.

Já em relação aos derivados como gás, renováveis e nitrogenados, entre outros serviços, Cingapura foi o destino de 55% dos produtos, seguido pelos Estados Unidos.

A empresa destacou que no 2T21 o custo dos produtos vendidos aumentou 27,4% quando comparado ao 1T21 devido principalmente ao maior volume de vendas e à maior participação do óleo e derivados importados no mix de vendas. Além disso, a valorização dos preços do Brent contribuiu para os maiores gastos com participações governamentais e importações.

Ebitda ajustado

O Ebitda ajustado do 2T21 atingiu R$ 61,9 bilhões, R$ 13 bilhões superior ao 1T21. Este resultado reflete, segundo a companhia:

  • a valorização dos preços do Brent;
  • as maiores margens de derivados;
  • aumento do volume de vendas no mercado interno e das exportações; e
  • ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.

Despesas operacionais e resultado financeiro

As despesas com vendas foram 10,5% superiores ao 1T21, devido ao aumento dos gastos logísticos atrelados às exportações, em razão dos maiores volumes exportados, com destaque para o petróleo.

Já as despesas gerais e administrativas diminuíram 8,4% devido à maior recuperação de gastos junto aos parceiros e menores gastos com serviços de terceiros.

E, por fim, outras despesas operacionais atingiram R$ 478 milhões no 2T21, 68,8% menor que o 1T21, devido ao ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS de R$ 2,5 bilhões e maior resultado com operações de parcerias de E&P, compensado parcialmente por perdas com contingências

O resultado financeiro do 2T21, por sua vez, foi positivo em R$ 10,8 bilhões comparado à despesa de R$ 30,7 bilhão do 1T21. Este resultado reflete os ganhos cambiais, sem efeito caixa, relacionados à valorização do real de 12,2% em relação ao dólar e a atualização monetária referente ao ganho complementar da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.

No 2T21 a gestão dos passivos resultou em maior despesa com ágio de recompra de R$ 2,5 bilhão e custo de transação de R$ 1,3 bilhão refletindo a melhora do risco de crédito e maior volume de recompra. "Encerramos o 2T21 com uma exposição cambial de R$ 167,8 bilhões comparado a R$ 198,6 bilhões no 1T21, destacandose a menor exposição passiva em dólar", diz o relatório.

A empresa apresentou um lucro líquido de R$ 42,9 bilhões no 2T21, R$ 41,7 bilhões superior ao 1T21, refletindo a maiores margens de derivados, maiores volumes de vendas de óleo e derivados no mercado interno e de exportações, ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar e ganhos de participações em investimentos, principalmente devido à reversão de impairment de de R$ 1,6 bilhão da Petrobras Distribuidora (BR Distribuidora), refletindo a precificação da oferta pública de ações.

Além disso, também houve o ganho complementar da exclusão do ICMS de R$ 4,8 bilhões e despesas com ágio na recompra de bonds de R$ 3,5 bilhões. Se fossem descontadas essas questões, a empresa registraria um lucro de R$ 40,7 bilhões no 2T21 e o Ebitda recorrente seria de R$ 60 bilhões, 25,7% superior ao 1T21.

Ações da Petrobrás disparam nessa quinta-feira

Após essa divulgação de tão bons resultados, as ações da companhia abriram o dia e seguiram em uma alta disparada na bolsa de valores. A alta, já era de cerca de 9,7%, no início da tarde dessa quinta-feira.

Enquanto ontem as ações encerraram o dia sendo cotadas a cerca de R$ 26,75 cada uma, hoje elas chegaram a ser negociadas a cerca de R$ 29,84. Depois disso, o mercado deu uma leve equilibrada em seu preço e por volta das 13h30 cada uma delas estava custando R$ 29,37.

Veja na íntegra o relatório de resultados da Petrobras no 2T21.