O Presidente russo, Vladimir Putin, pediu nessa sexta-feira, 25 de fevereiro, que os militares ucranianos tomem o poder em Kiev, derrubando o presidente Volodymyr Zelensky e sua equipe.

"Tomem o poder. Parece-me que será mais fácil negociar entre mim e vocês", disse Putin ao exército ucraniano numa transmissão pela televisão russa, afirmando não combater unidades do exército, mas formações nacionalistas que se comportam "como terroristas" usando civis "como escudos humanos".

Putin também classificou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os seus ministros como "uma panelinha de viciados em drogas e neonazis, que se estabeleceram em Kiev e fizeram refém todo o povo ucraniano".

Apesar de Zelensky ter origem judaica, a Rússia classifica as autoridades ucranianas como "neo-nazis" desde 2014, quando começou a guerra no Leste da Ucrânia, entre separatistas pró-Rússia e forças de Kiev.

Troca de farpas

As acusações de "viciado em drogas" referem-se a declarações feitas pelos detratores de Zelensky durante as eleições presidenciais de 2019, que o presidente ganhou com vantagem larga.

A Rússia acusa a Ucrânia de ter integrado nas suas forças armadas unidades próximas da extrema-direita e apontou a "desnazificação" da Ucrânia como um dos objetivos da sua invasão. Putin acusou hoje essas unidades de agir "como terroristas".

De seu lado, porém, a Ucrânia também vem comparando as ações da Rússia com as da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Uma publicação nesse sentido chegou a ser feita no Twitter oficial da Ucrânia. Veja:

A esse mesmo post a Ucrânia ainda acrescentou: "This is not a ‘meme’, but our and your reality right now." Na tradução: "Isso não é um meme, mas a nossa e a sua realidade agora".

Negociações não avançam

O apelo de Putin ao exército ucraniano foi feito horas depois de Zelensky ter convocado o presidente russo para se sentar à mesa de negociações, opção que o Kremlin não descartou de imediato, mas deixou sem resposta clara.

Ontem, no primeiro dia da invasão russa, Zelensky denunciou que o objetivo do ataque é tirá-lo do poder. "Segundo as nossas informações, eu sou o alvo número um do inimigo. A minha família é o segundo [alvo]. Eles [o russos] querem destruir a Ucrânia politicamente destruindo o chefe de Estado", afirmou.

100 mil civis desalojados

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev.

A ONU deu conta de 100 mil deslocamentos de civis no primeiro dia de combates.

O ataque foi condenado pela comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

Com informações Agência Brasil.