O Revolut, banco digital britânico que é hoje o mais popular da Europa, está de olho no Brasil. Ou melhor, ele já está aqui. Nessa semana, ele anunciou a sua liderança local e prometeu o lançamento de um super app no segundo semestre de 2022.

Atualmente avaliado em US$ 33 bilhões, a fintech é a segunda mais valiosa do mundo no setor e atualmente está presente em mais de 35 países. Ela possui 18 milhões de usuários ao redor do mundo.⠀

Em entrevistas concedidas nessa segunda e terça-feira, dia 28 e 29 de março, o fundador do banco, Nik Storonsky declarou que o Brasil é uma "prioridade estratégica" da instituição, principalmente por ser o maior mercado da América Latina.

Com isso, o Revolut também busca se aproximar ainda mais de seu principal concorrente, o Nubank, que é brasileiro e está no posto de banco digital mais valioso do mundo com um valor de mercado de US$ 37 bilhões.

Ex-BTG Pactual será o CEO no Brasil

Para liderar a subsidiária brasileira, o Revolut selecionou Glauber Mota, criador do banco digital do BTG Pactual e ex-sócio dessa instituição financeira. Além dele, o nome de Felipe Lachowski também foi anunciado para a área de estratégia e operações da empresa.

O novo CEO também já se manifestou dizendo que a população brasileira é uma das mais ativas do mundo na internet, com mais de 112 milhões de usuários únicos, e que por isso, a expectativa é de que o Brasil fique entre os cinco maiores países do Revolut.⠀

Comparações com o Nubank

Assim como o Nubank, a grande aposta da fintech britânica é na experiência do cliente. Inclusive, a empresa tem como projeto a criação de um super app global onde os usuários vão encontrar tudo o que precisam, dentro de uma única plataforma.

Além disso, tradicionalmente o banco não destina grandes valores para o marketing porque aposta na divulgação feita pelos próprios clientes. Para entrar no mercado brasileiro, porém, Mota afirma que haverá, sim, algum investimento nesse quesito.

Outra aposta do banco é em fortalecer a atuação onde o Nubank ainda é considerado fraco ou ineficiente:

"Estamos vindo na outra ponta de convergência, com presença em dezenas de mercados globais e um produto maduro. Somos o primeiro case bem sucedido de super app fora da China, e diferenciados em relação a qualquer player que está tentando fazer isso no Brasil", declarou Glauber Mota.

Serviços que o Revolut vai oferecer

A expectativa é de que o Revolut seja lançado antes da Copa do Mundo, que acontece em novembro desse ano. Num primeiro momento, o banco deverá oferecer a conta e o cartão internacional para, aos poucos, ir ampliando sua oferta de serviços.

Entre os principais diferenciais dessa conta estará a possibilidade de comprar moedas, como o dólar, para usar posteriormente e fazer a conversão automática para mais de 25 moedas. Dessa forma, ele será uma alternativa às altas taxas de casas de câmbio ou de outros cartões, por exemplo.

"O mundo de câmbio no Brasil ainda tem taxas de spread muito altas, e para o cliente pequeno que quer trocar pouco dinheiro, é ainda pior, pois só os grandes tem acesso a taxas melhores. O Revolut é democrático nisso", disse Mota.

Além disso, o super app possibilitará investimentos internacionais e em criptomoedas. Aliás, lá fora o app Revolut é tido como aquele que oferece uma das melhores esperiências no investimento em cripto.

Outro serviço que clientes do Revolut no Brasil terão com o tempo é a reserva de viagens com cashback, apoiada por parcerias globais como grandes redes de hotéis. Também já se prevê o lançamento do Revolut Junior, produto de educação financeira gamificado em que pais podem recompensar adolescentes e crianças por tarefas domésticas pelo app.

E haverá, ainda, segundo Mota, uma oferta de seguros e uma conta para empresas, com serviços como gestão de folha de pagamentos.

Tecnologia própria

Outro ponto que foi destacado por Glauber Mota é que o Revolut desenvolve sua própria tecnologia, de forma que todo o processo de lançamento e, depois, de aprimoramento, possivelmente será mais ágil.

Ainda assim, a fintech já disse que não descarta aquisições, inclusive no Brasil. Mas isso será pensado com o tempo. O foco agora está na contratação de mais pessoas ou dos "talentos certos para um grupo que tem apetite para criar um time grande", como disse Mota.