Na última segunda-feira, 13 de junho, o índice norte-americano S&P 500 anunciou a sua entrada no mercado em baixa. Ela acumula uma baixa de 21,8% desde o começo do ano. Assim, o movimento abre portas para investimentos nos setores desvalorizados que precisam se recuperar no futuro, embora ainda não esteja claro se as perdas estão perto de terminar.

Em nota ao mercado, a gestora BlackRock disse que ainda não está pronta para "sair às compras". Ela ainda enxerga muitos riscos por conta do ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (FED), banco central norte-americano, bem como da pressão sobre as margens de lucro das empresas.

Por conta disso, em um horizonte de 6 a 12 meses, a recomendação da gestora em relação às ações é neutra. "Analistas esperam que as empresas do S&P 500 aumentem os lucros em 10,5% este ano, segundo dados da Refinitiv. Isso é otimista demais, em nossa opinião", disse a BlackRock em nota.

De acordo com Pietra Guerra, analista de mercados internacionais da XP Investimentos, "A bolsa norte-americana realmente parece mais atrativa". Além disso, Guerra cita que "reforçamos a mensagem de que não é hora de o investidor querer ser herói. A cautela ainda se faz necessária pois há espaço para mais quedas e volatilidade."

Entretanto, para os investidores que já desejam começar a planejar as suas posições no mercado acionário norte-americano, os especialistas consultados pela Forbes indicam os setores que mais valem a pena observar de perto. Entenda a seguir.

S&P 500 em baixa, traz grandes descontos na tecnologia

Entre as ações que mais estão desvalorizadas no momento, estão as de tecnologia. Desde o dia 3 de janeiro, o índice Nasdaq, que reúne as empresas desse setor, diminuiu em torno de 30%.

Em suma, as ações de big techs como Apple (AAPL), Alphabet (GOOGL), Amazon (AMZN), Microsoft (MSFT) e Meta (META) registraram perdas acumuladas entre 25% e 50%.

De acordo com Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, "Há incerteza em relação à magnitude dos próximos aumentos de juros do Fed". Sendo assim, "as empresas que necessitam de capital intensivo, porque são muito focadas em crescimento, apresentam depreciação e riscos maiores."

Apesar disso, de modo geral, os especialistas estão otimistas em relação à recuperação a longo prazo das grandes companhias, ainda mais aquelas que possuem produtos considerados inelásticos (ou seja, que a demanda é pouco impactada por choques econômicos), como é o caso do iPhone, da Apple.

Por outro lado, o ponto de cautela fica, em especial, com as empresas que prosperaram no decorrer da pandemia, mas que o modelo de negócio se mostrou pouco sustentável com o fim do isolamento social. Exemplo disso, é o Zoom (ZM), que caiu 41%, e da Peloton (PTON), que reduziu 72%.

Bancos e setor imobiliário também são uma boa opção

Em suma, os bancos também receberam bons descontos devido às incertezas sobre a alta de juros nos Estado Unidos. E isso parece muito contraditório, já que essas instituições são algumas das poucas que se beneficiam do crédito mais caro.

Entretanto, as perdas são motivadas pela estimativa de que os malefícios devem superar os benefícios. Enquanto as altas dos juros visam domar a elevação da inflação, existe cada vez mais temores de que a política contracionista possa levar a economia à uma recessão. Se o cenário se concretizar, o setor financeiro não vai passar imune.

O índice S&P 500 Financials reduziu em torno de 20% desde o início do ano e empresas como JPMorgan (JPM), Bank of America (BAC) e Goldman Sachs (GS) cederam entre 24% e 28% no acumulado de 2022. Embora mais quedas sejam esperadas no curto prazo, os especialistas avaliam que elas deverão retomar as suas médias históricas no longo prazo.

Outra oportunidade de investimento é no setor imobiliário, que apesar de também ser prejudicado pela alta dos juros, apresentou uma melhora que ainda não foi refletida nos preços. O índice FNAR, que mede o desempenho dos fundos imobiliários norte-americanos (REITs), caiu em torno de 23% desde o começo do ano.

Por fim, Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners, explica que "O setor imobiliário teve, de forma geral, redução na vacância e aumento de arrecadação nos aluguéis durante 2021 e no primeiro trimestre de 2022". E ele completa: "A queda não reflete a melhora no setor."