Essa quinta-feira, 13 de maio, deveria ter sido marcada pela estreia da Dotz na bolsa de valores brasileira (B3), no entanto o anúncio feito foi outro: em razão "deterioração da atual conjuntura do mercado de capitais brasileiro", ela decidiu desistir da oferta pública inicial (IPO).

A empresa protocolou junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o pedido para a realização do IPO no dia 22 de fevereiro e ela pretendia movimentar até R$ 1,1 bilhão. O preço médio por ação iria variar entre R$ 16,20 e R$ 21,40.

Pelo prospecto preliminar divulgado, a empresa disse que pretendia usar os recursos levantados com a oferta primária para: investir na plataforma tecnológica e digital da empresa; ampliar a participação da companhia nos negócios de fidelização, marketplace e techfin; investir em potenciais aquisições estratégicas; e fazer pagamentos relacionados à operação de mezanino existente.

Estavam coordenando o IPO as instituições BTG Pactual, Itaú BBA, UBS BB e a Credit Suisse.

- Veja o prospecto do IPO da Dotz na íntegra

Grandes interessados

Vale destacar que a oferta da Dotz contava com grandes nomes institucionais entre os interessados. No início do processo, por exemplo, a empresa já havia acertado a venda de 5% do capital para a chinesa Ant Group, dona do Alipay.

Ao longo do processo, a Jack Ma também passou a fazer parte das negociações e ajudou a atrair a atenção dos investidores para a Dotz, assim como as gestoras Farallon e Velt, que se comprometeram com um cheque de até R$ 150 milhões.

Por fim, nesse última semana, também houve a divulgação de que o Softbank, fundo japonês especializado em empresas de tecnologia, também estaria interessado na oferta. Ainda assim, essas ofertas não foram suficientes para manter o IPO.

Tudo acabou?

Com a divulgação dessa notícia, aqueles que fizeram reservas de cotas terão seus valores devolvidos, porém, informações divulgadas pela revista Exame dão conta de que a Dotz não está necessariamente desistindo de seus planos na bolsa, mas que ela pretende fazer uma oferta restrita — modalidade em que apenas um pequeno grupo de 75 investidores profissionais (com pelo menos R$ 10 milhões aplicados) pode participar.

Quem é a Dotz?

A companhia Dotz é uma sociedade anônima sediada na capital paulista que tem atuação em programas de benefícios e recompensas. Dando vida à moeda Dotz, o modelo de negócio é oferecer pontos após o usuário realizar compras de empresas parceiras. Um dos maiores parceiros do negócio é o Banco do Brasil, que utiliza a moeda em seu programa de benefícios.

"A Dotz começou em 2000 já inovando, sendo um dos primeiros Marketplaces do país, desenvolvendo o primeiro programa de coalizão online do Brasil. Uma decisão muito importante da Dotz foi de ser desde o início uma moeda e não apenas pontos, pois com esta estratégia consumidores sempre enxergaram os pontos Dotz como dinheiro, maximizando e tangibilizando a percepção de valor e o engajamento. Este caminho veio a ser coroado em 2020, quando as contas em Dotz passaram a ser convertidas em Reais com um simples clique (Conta Digital Dotz)", disse a empresa.

Desde 2000, o Programa Dotz recebeu ao todo 48 milhões de membros, sendo que 20 milhões dessas pessoas seguem com saldo em conta em 2020.

A receita líquida da Dotz caiu de R$ 127 milhões em 2019 para R$ 111 milhões em 2020, resultado bastante influenciado pela pandemia de covid-19 e pela "modalidade de contrato específica modificada a partir 2016" , segundo o prospecto preliminar divulgado.

A empresa também disse que registrou um prejuízo acumulado de R$ 330,6 mil em 2020, impactado, principalmente, por três fatores não recorrentes:

  • Recompra de participação da LoyaltyOne;
  • Investimentos na Dotz Pay: sendo que a unidade de negócio mostrou prejuízo total de R$ 22,377 mil no fim de 2020;
  • Despesas relacionadas a debêntures.