A Eternit (ETER3) registrou lucro líquido de R$ 42,297 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), assim sendo uma queda de 27,6% em relação ao mesmo período de 2021, conforme balanço divulgado pela empresa, que segue em recuperação judicial.

"O desempenho no 1T22 foi afetado pela queda nas vendas de telhas de fibrocimento, em linha com o cenário de acomodação de demanda da indústria de materias de construção verificado a partir do último trimestre de 2021", explica a administração da Eternit.

Segundo o relatório de resultados, as vendas de telhas de fibrocimento ao longo do 1T22 totalizou 158 mil toneladas, registrando quedas de 17% e 5% quando comparado ao primeiro e ao quarto trimestre de 2021, respectivamente.

Outros destaques dos resultados da Eternit (ETER3) no 1T22

Destaque para a receita líquida no mercado interno que totalizou R$ 193 milhões no 1T22, sendo um recuo de 7% frente ao 1T21 e de 12% em relação ao 4T21, reflexo da queda no volume de vendas do segmento de fibrocimento. Segundo o relatório, a receita consolidada da Eternit foi de R$ 259,693 milhões, inferior em 3,9% quando comparado com o mesmo período de 2021 e em 10% frente ao 4T21.

Outro segmento da empresa, a linha de sistemas construtivos, que contempla placas e painéis cimentícios, teve aumento de 59% nas vendas do 1T22 para 4.553 mil toneladas.

No âmbito financeiro, o ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 64,271 milhões no 1T22, registrando um recuo de 22% frente ao 1T21 e de 13% frente ao 4T21.

Créditos: Reprodução/Eternit.
Créditos: Reprodução/Eternit.

Na mesma base de comparação, os custos dos produtos e mercadorias vendidos (CPV) somaram R$ 173,755 milhões no 1T22, representando uma queda de 15,8% frente ao mesmo trimestre do ano anterior causada por aumento nos preços das principais matérias-primas, que seguiu pressionando a margem bruta da companhia, com destaque para resina PP (+49%), celulose (41%) e cimento (+28%).

Por sua vez, as despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 22 milhões no 1T22, uma redução de 27% frente ao montante do 4T21, se mantendo praticamente no mesmo patamar registrado no 1T21, com elevação inferior a 5%, enquanto a inflação acumulada no período medida pelo IPCA alcançou 11,3%.

Em função do aumento de 16% no volume das exportações de crisotila, com consequente elevação das despesas variáveis, as despesas com vendas totalizaram R$ 22,430 milhões no 1T22, superior em 21% na comparação anual, equivalente a 9% da receita líquida do período.

O relatório destaca que a disponibilidade de caixa da Eternit, originada nas captações para investimentos e da geração de caixa, alcançou R$ 237 milhões ao final do 1T22, trazendo uma receita financeira de R$ 5,2 milhões através de aplicações financeiras, favorecida pelo aumento do CDI, resultado superior em 14% ao auferido no trimestre anterior. Mas, puxado pela variação cambial, o resultado financeiro ainda fechou negativo, em R$ 8,631 milhões.

A Eternit ainda fechou o primeiro trimestre de 2022 com caixa líquido positivo de R$ 200 milhões, frente a uma posição de R$ 148 milhões registrada no mesmo período de 2021, assim sendo aumento de 35%.

Recuperação judicial da Eternit em reta final

A Eternit, que entrou em crise em 2017 após a proibição do amianto no país, aguarda o encerramento da Recuperação Judicial pelo desfecho do julgamento do Recurso Especial interposto pela companhia junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra decisão desfavorável proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), visando restabelecer o plano original de pagamento dos credores da Classe I, devidamente homologado pelo Juízo da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital de São Paulo, em 30 de maio de 2019, assim como explica a empresa em relatório.

No 1T22, a Eternit realizou pagamentos no montante de R$ 2,3 milhões aos credores concursais, da seguinte forma:

  • Classe I: R$ 1,1 milhão;
  • Classe II: R$ 1,0 milhão;
  • Classes III e IV: R$ 227 mil.

Segundo o relatório, a dívida concursal em 31 de março de 2022 chegou a R$ 43,018 milhões, sendo um valor de R$ 36,411 milhões devido ao Banco Amazônia, referente a financiamento feito pela Eternit para uma unidade de Manuas, com amortização mensal e juros pré-fixados de 7% ao ano.

Eternit (ETER3) contrata formador de mercado

Em 11 de maio, a Eternit anunciou que contratou o BTG Pactual como formador de mercado com o objetivo de fomentar a liquidez das ações da companhia, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo com o código ETER3.

O contrato de prestação de serviços prevê que o BTG Pactual realize as atividades em até doze meses, iniciando em 12 de maio de 2022.

Segundo a B3, o formador de mercado é uma pessoa jurídica que se compromete a manter ofertas de compra e venda de forma regular e contínua durante a sessão de negociação, fomentando a liquidez dos valores mobiliários, facilitando os negócios e mitigando movimentos artificiais nos preços dos produtos.