Pela primeira vez em vários meses a inflação parece querer dar uma trégua aos brasileiros. Ou, pelo menos, é o que mostrou o resultado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nessa quinta-feira, dia 9, pelo IBGE.

Segundo o relatório, a inflação medida pelo IPCA ficou em 0,47% em maio. Nos últimos meses, o índice vinha ficando acima de 1%, chegando a ser de 1,62% em março de 2022. Em abril o IPCA havia sido de 1,06%.

Ainda assim o acumulado é alto. Apenas em 2022 já se registra uma inflação de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%. A boa notícia é que, pela primeira vez o acumulado de 12 meses não ficou acima dos 12 meses imediatamente anteriores (que era de 12,13%).

Veja no gráfico abaixo a variação mensal do IPCA nos últimos 12 meses:

Créditos: Divulgação/IBGE
Créditos: Divulgação/IBGE

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Em maio, a maior variação veio do grupo Vestuário, com alta de 2,11% e 0,09 p.p. de contribuição. Já o maior impacto (0,30 p.p.) veio dos Transportes (1,34%), que desaceleraram em relação ao mês anterior (1,91%).

No caso dos Transportes, a alta foi puxada pelas passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%), sendo o maior impacto individual positivo no índice do mês (0,08 p.p.), juntamente com os produtos farmacêuticos, que subiram 2,51% (impacto de 0,08 p.p.) e fazem parte do grupo Saúde e cuidados pessoais (1,01%).

No caso dos produtos farmacêuticos, foi autorizado em abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido menor neste último mês.

Outro destaque em maio foi a desaceleração do segmento de Alimentos e bebidas, que registrou 0,48%, frente à alta de 2,06% em abril. Segundo o gerente do IPCA, Pedro Kislanov, produtos que vinham subindo bastante tiveram quedas expressivas em maio, a exemplo do tomate (-23,72%), da cenoura (-24,07%) e da batata-inglesa (-3,94%). Ele observa que existe um componente sazonal porque, normalmente, o início do ano é marcado por preços mais altos dos alimentos devido a questões climáticas.

Os combustíveis também tiveram desaceleração, após altas expressivas nos preços das refinarias em março, que foram repassadas para o consumidor final em março e em abril. A desaceleração nos preços dos combustíveis (1,00%) em relação ao mês anterior (3,20%), ocorreu devido especialmente à gasolina, que passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio.

Energia elétrica impactou positivamente

O único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%), contribuindo com um impacto de -0,26 p.p. no índice do mês. A queda deve-se à redução nas contas de energia, pelo segundo mês seguido, em função de mudança de bandeira tarifária.

Em 16 de abril, cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à bandeira Escassez Hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.

As variações de energia elétrica nas áreas foram desde -13,49% em Brasília - onde houve redução de PIS/COFINS - até 6,97% em Fortaleza, por conta do reajuste de 24,23% nas tarifas residenciais, aplicado a partir de 22 de abril.

Também foram registrados reajustes tarifários nas contas de energia elétrica em Recife (3,27%): reajuste de 18,77%, em vigor desde 29 de abril; Salvador (2,56%): reajuste de 20,97%, vigente desde 22 de abril; Aracaju (0,79%): reajuste de 16,81%, a partir de 22 de abril; e Campo Grande (-1,63%): reajuste de 17,14%, a partir de 16 de abril.

Com informações: Agência IBGE Notícias