De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), feito pela Euroconsumers, e encaminhado para a CNN, mais de 90% dos brasileiros mudaram os hábitos de consumo.

Isso ocorreu, por conta da inflação no Brasil, que chegou a 12,13% no acumulado de 12 meses em abril de 2022. O estudo mostra que as principais alterações feitas possuem relação com o uso de energia e de água, aos hábitos de mobilidade e ainda à alimentação.

Abaixo, confira os principais destaques desse levantamento.

Inflação e o impacto nos hábitos de consumo

Em suma, mais de 40% dos entrevistados disseram ter dificuldades em pagar as contas de luz e de gás. E assim, uma das soluções encontradas por 70% das pessoas é desligar os aparelhos eletrodomésticos e usar os mesmos com menos frequência para economizar energia.

Já em relação à água, 41% já realizam o racionamento. Ou seja, tomam menos banhos. Ou ainda, banhos mais curtos para reduzir os custos. Para Gilberto Braga, economista do Ibmec-RJ, o comportamento também sofreu a influência de alta do preço da energia com a bandeira "Escassez Hídrica". Em suma, a mesma vigorou entre setembro de 2021 e abril de 2022.

De acordo com Braga,

"As contas de água, de luz e de gás são números que estão na mira dos brasileiros nesse momento que precisam cortar custos. E a pandemia ajudou nisso de certa forma, com o acesso à internet sobre medidas de racionamento para poupar o uso desses recursos e, assim, reduzir o impacto nos gastos".

Além disso, Braga explica que:

"A própria sobretaxa na conta de luz que terminou recentemente ajudou os brasileiros a se conscientizarem da necessidade do uso mais econômico e racional da energia, que agora é acentuado por conta do aumento dos custos por causa da inflação".

Com relação à mobilidade, a pesquisa aponta que 44,5% dos brasileiros começaram a evitar o uso de carro por conta da alta do preço do combustível. Diante disso, uma alternativa encontrada é o uso de bicicleta.

Em torno de 33% dos entrevistados passaram a usar mais esse meio de transporte, depois da eclosão da guerra na Ucrânia. Além disso, ocorreram altas nos preços da gasolina devido à volatilidade do petróleo. O uso do transporte público é uma alternativa à alta do combustível.

O consumo de alimentos também teve alterações importantes, por conta da alta dos preços. Quase metade dos entrevistados disse que reduziu o consumo de carne bovina, frango e peixe para diminuir os custos. Além disso, 65% passou a escolher produtos de marcas mais baratas.

De acordo com Henrique Lian, diretor da Proteste, com a alteração de hábitos relacionada aos alimentos por parte do consumidor, os comerciantes procuram a estratégia de "reduflação". Ou seja, de diminuir os produtos mantendo o preço.

"Sabemos que a população mais impactada por esse aumento é a mais pobre, porque os alimentos representam boa parte da sua renda. Quando falamos da energia, por exemplo, as pessoas de classe alta também fazem cortes, diminuem uso de luz, de ar-condicionado. Mas quando o assunto são os alimentos, muito provável que as pessoas mais ricas não deixem de consumir a carne e essa tendência se concentre entre os mais pobres", afirma o diretor da Proteste.