Provavelmente você já deve ter se dado conta que nas idas ao supermercado, um produto de seu consumo está com o mesmo preço, porém com uma embalagem menor, não é mesmo? Isso ocorre pela prática conhecida como Reduflação, que consiste na redução da quantidade de um produto, sem diminuir seu preço. Ou seja, uma maneira "invisível" de inflação.

Um exemplo dessa prática são as embalagens de chocolate. De uns anos pra cá, o valor continuou o mesmo (ou até aumentou), mas a embalagem reduziu consideravelmente. Com isso, o consumidor continua pagando o mesmo preço para o produto mas com menos dentro da embalagem.

Entenda o que é a reduflação e como essa prática afeta o bolso do consumidor.

Como a reduflação funciona?

A reduflação é uma prática feita pelas empresas, onde elas sobem os preços dos produtos, mas de uma maneira discreta. Então, essas companhias conseguem diminuir a quantidade dos produtos, mas sem diminuir o preço.

Desta forma, o consumidor acaba pagando por uma quantidade menor, pelo mesmo preço que pagava antes. Porém, o cliente acaba não percebendo, pois o preço da etiqueta continua o mesmo.

Essa forma de burlar os valores sutilmente é adotada por grande parte das empresas alimentícias, pois é mais fácil de passar em branco quando existem embalagens e o consumidor não se atenta às mudanças na quantidade.

Talvez você esteja se perguntando se essa prática é legal. De acordo com o professor Rui Rosa Dias, do Instituto Superior de Administração e Gestão - European Business School (ISAG-EBS), "Ilegal não é, mas é considerada um pouco ético, e falta de transparência". Inclusive, a prática vem de, pelo menos, desde a década de 80. Um exemplo disso foi em 1987, quando a companhia aérea American Airlines economizou 40 mil dólares por ano removendo apenas uma azeitona de cada salada servida aos passageiros da classe executiva.

O que diz a lei sobre a reduflação?

No Brasil, é obrigação dos fabricantes comunicar as alterações no rótulo do produto, informando a quantidade de produto reduzida, onde esteja em um local de fácil visualização e com caracteres bem visíveis. Caso a embalagem não informe sobre a redução de forma clara, é possível denunciar a empresa para os órgãos de proteção ao consumidor, como Procon, Senacon e Ministério da Justiça.

De acordo com o Procon, se os consumidores que adquirirem os produtos em desconformidade com essa lei, fica assegurado o direito de trocá-los por outro produto de sua livre escolha ou obter a devolução do valor pago em dinheiro.

Conforme Adriano Fonseca, advogado da Proteste Associação de Consumidores, diz que o ideal é que o consumidor esteja atento aos produtos que são de suas compras recorrentes, para não passar despercebido.

De acordo com a portaria nº 392, de 29 de setembro de 2021 do Ministério da Justiça as empresas devem:

1- Indicar as mudanças

Deve constar no rótulo a quantidade antiga e a nova, sendo necessário informar a quantidade de produto diminuída, em termos absolutos e percentuais.

2- Informações

As informações sobre as alterações devem aparecer em um local de fácil visualização, com caracteres em caixa alta, negrito, e em cor contrastante com o fundo do rótulo. Tudo isso deve aparecer na parte principal do rótulo. É proibido que as informações estejam em lugares cobertos ou de difícil visualização, como em áreas seladas ou torcidas.

3- Tempo

É necessário que essa especificação de mudança de quantidade esteja no rótulo do produto por, pelo menos, 6 meses.

Como a reduflação te afeta?

É fato que a reduflação afeta diretamente o poder de compra do consumidor. Isso porque ele gasta o mesmo valor para comprar uma quantidade menor de produto. É a mesma coisa que ocorre na inflação, o que difere é que a reduflação camufla esse aumento de preços. Nesse sentido, é muito importante estar atento para possíveis mudanças nas quantidades.

Com o preço que estão os produtos atualmente, é preciso procurar formas de proteção para o seu dinheiro.