A cada ida ao supermercado, nota-se um grande aumento no valor dos produtos. Isso acontece por causa da inflação, que nada mais é que o aumento geral nos preços de bens e serviços. A principal consequência da inflação é a redução do poder de compra do dinheiro.

Consequentemente, aumentando a inflação, o dinheiro que hoje compra dez produtos, por exemplo, amanhã poderá comprar apenas seis. Se a população não tem uma elevação de sua renda, chega-se a um problema socioeconômico muito sério. Mas mesmo com a elevação da renda, a diminuição do valor de uma nota de dinheiro é sentida e lamentada.

E é exatamente isso que está acontecendo. Um pouco de inflação faz parte do equilíbrio econômico de um país, mas no Brasil hoje, essa inflação que sempre existiu, vem sendo sentida com muita força. Especialmente após a pandemia. E como resultado, uma nota de R$ 100, aquelas lindas azuizinhas que adoramos, estão bem desvalorizadas.

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Quanto vale a nota de R$ 100 hoje?

A nota de R$ 100 foi lançada em 1° de julho de 1994 e, desde então, o seu poder de compra foi corroído em 86,09%. Isso significa que, descontada a inflação de hoje da nota de R$ 100, é possível comprar os mesmos itens que em 1994 comprávamos com apenas R$ 13,91. Os cálculos foram feitos pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.

A inflação acumulada desde o lançamento da nota de R$ 100 em 1994 até junho deste ano é de 653,06% e, para ter o mesmo poder de compra da nota de R$ 100 em julho de 1994, o consumidor teria de gastar hoje valor de R$ 748,04, destaca o economista.

O que era possível comprar com R$ 100 mil a 28 anos atrás, hoje equivale ao valor de R$ 13.910, ou também, os R$ 100 mil de hoje têm o mesmo poder de compra de R$ 753 mil em 1994. Nos dois casos, é possível ver como o dinheiro perdeu o seu poder de compra.

28 anos de real

O real completou 28 anos de existência neste mês. A nova moeda nasceu junto com a implantação do Plano Real, em 1994, e marcou o fim da instabilidade monetária e de taxas de inflação desenfreada, que chegaram a atingir 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994.

O real foi a quinta moeda no período de 10 anos, e os brasileiros tiveram que se acostumar após dezenas de planos econômicos.

Segundo o IBGE, no período de 1980 e 1994, época que os brasileiros viveram a hiperinflação, o índice acumulado no período foi de 13.342.346.717.671,70%.

A maior variação mensal do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi em março de 1990 com 82,39%, enquanto a menor variação foi em agosto de 1998 com deflação de -0,51%, destaca o IBGE.

O salário mínimo em notas de R$ 100

Em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79. Na época, a nota de R$ 100 pagava o salário mínimo e ainda sobrava. Hoje, o salário mínimo está em R$ 1.212. Apesar disso, o poder de compra do salário mínimo dobrou nesse período: de lá para cá, o mínimo subiu 1.770% no período, enquanto a inflação foi de 653,06%. Porém, o salário mínimo não é corrigido desde 2020.

"O real tem perdido muito valor durante essas últimas quase três décadas, mas sua implementação foi imprescindível para pararmos de conviver com inflação de três, quatro dígitos ao ano, em décadas anteriores em que economistas quebravam a cabeça para combater a hiperinflação", diz Imaizumi.

O economista ainda ressalta que a inflação é um problema mundial hoje e que países com a economia mais fraca como a do Brasil é que sofrem mais, e que voltou a ser sentida pelos brasileiros atualmente com mais força, sobretudo os mais pobres.

Isso acontece pois a alta dos preços estão enraizadas na maioria dos bens e serviços consumidos, e está pesando ainda mais nos itens que são essenciais para o consumo, como os alimentos, transportes, contas de água e luz e combustíveis.

"Além de tudo, a recuperação das vagas de trabalho ocorre de maneira lenta. Ou seja, os reajustes nos salários não acompanham a inflação elevada", conclui.

Nota de R$ 200

Justamente em função dessa desvaloriação da moeda brasileira, em meados de 2020 o governo e o Banco Central chegaram a lançar uma nova nota, de R$ 200. Em sua estampa, veio o lobo-guará, um dos animais símbolo do país e especialmente do cerrado brasileiro.

Ao total, segundo o governo 450 milhões de cédulas de R$ 200 foram impressas só em 2020. Dessas, 75,4 mil estavam es circulação no início de 2022. As demais estavam em posse do governo que estudava liberá-las conforme a demanda.

Mas a verdade é que poucos brasileiros tiveram contato com ela. Segundo o governo isso se deve justamente por causa dessa liberação conforme a demanda. Na pandemia, houve uma busca maior por dinheiro físico, o que exigiu a liberação de mais dinheiro, mas liberar notas demais pode só piorar a inflação, portanto, o momento exige cautela.

Essa foi a sétima nota da família Real e a primeira com novo valor lançada em 18 anos. Antes disso, em 2002, a nota de R$ 20 havia sido lançada. A fabricação desses 450 milhões de unidades custou aos cofres públicos um total de R$ 146.milhões.