A Ultrapar (UGPA3), dona da rede de postos Ipiranga e das lojas AmPm, bem como da Ultragaz divulgou seus resultados trimestrais nessa semana e desde então vem registrando uma queda significativa na bolsa de valores. Em situação muito parecida está a BR Distribuidora (BRDT3), dona da rede de posto BR.

No caso da Ultrapar, os resultados foram divulgados nessa quarta-feira, 11 de agosto, após o fechamento do mercado e já no início das atividades na B3, na manhã dessa quinta-feira, dia 12, as ações despencaram.

Por volta das 16 horas, os papéis estavam com um desconto de mais de 11% de forma que cada um deles estava custando R$ 15,29. A título de comparação, no fim do dia de ontem, eles custavam R$ 17,35 cada.

Já a BR Distribuidora divulgou resultados ainda na terça-feira, dia 10, quando as ações chegaram a custar R$ 28,94 cada. De lá para cá, porém, já são 7% a menos e por volta das 16 horas dessa quinta-feira, dia 12, cada uma delas era negociada a R$ 26,96.

Nas imagens abaixo é possível ver o desempenho de cada uma delas nos últimos dias:

Desempenho das companhias nos últimos 5 dias. Créditos: Reprodução/Google Finanças
Desempenho das companhias nos últimos 5 dias. Créditos: Reprodução/Google Finanças
Desempenho das companhias nessa quinta-feira, 12 de agosto. Créditos: Reprodução/Google Finanças
Desempenho das companhias nessa quinta-feira, 12 de agosto. Créditos: Reprodução/Google Finanças

Vamos ver um pouco mais dos resultados de cada uma delas e entender o que está acontecendo?

Ultrapar

A principal explicação para essa queda registrada nas ações da Ultrapar está no prejuízo de R$ 18,2 milhões que a companhia registrou nesse segunto trimestre de 2021.

Por outro lado, a empresa apresentou uma receita líquida de R$ 28.526 milhões, numa variação positiva de 80% em relação ao segundo trimestre de 2020 e 19% a mais do que no 1T21. A justificativa, segundo a companhia, é um faturamento maior registrado, principalmente pela Ipiranga.

O Ebtda Ajustado foi de R$ 503 milhões, 18% a menos na comparação anual e 49% a menos do que o registrado no 1T21. Já o Ebitda recorrente foi de R$ 898 milhões, 50% a mais do que no 2T20, o que segundo a Ultrapar, é fruto dos Ebitdas maiores registrados pela Ipiranga, Oxiteno, Ultracargo e Extrafarma. Por outro lado, o Ebitda da Ultragaz foi menor.

A empresa informou que os resultados mais negativos tiveram como causa, em parte, os maiores gastos com investimentos estratégicos e o Ebtida negativo registrado com o programa Abastece Aí, devido às despesas com tecnologia e marketing.

Veja na imagem abaixo o resumo dos principais indicadores da Ultrapar no 2T21:

Créditos: Reprodução/Ultrapar
Créditos: Reprodução/Ultrapar

Ultragaz

Em relação à Ultragaz, especificamente, foram envasados, ao total, 439 mil toneladas de produto o que gerou um Ebitda de R$ 137 milhões, 34% a menos do que o registrado no 2T20. A justificativa, segundo a Ultrapar, é o fato de que a companhia registrou um pico de demanda bastante acima da média no mesmo período do ano passado, em função do início da pandemia e dos lockdowns.

A receita líquida nessa empresa foi de R$ 2.346 milhões, o que representa um aumento de 36%. Os produtos também ficaram 17% mais caros em relação ao 1T21. Por outro lado, a empresa também teve um aumento de 17% com despesas, totalizando R$ 159 milhões. No total, conforme o relatório, a empresa realizou investimentos no montante total de R$ 104 milhões no 2T21.

Ipiranga

Na rede de postos Ipiranga, o volume total de combustíveis vendidos foi de R$ 5.585 mil metros cúbicos. Um aumento de 21% em relação ao 2T20 (o que era o mínimo esperado tendo em vista que no ano passado, nessa mesma época, registrava-se o início da pandemia). Só em relação ao Diesel, foram 3.024 mil m³ (aumento de 17% na comparação anual).

A receita líquida da rede foi de R$ 23,8 milhões, 93% a mais, o que se explica pela retomada do volume de vendas e pelo aumento do preço dos produtos derivados do petróleo e do etanol. Aliás, esses produtos também tiveram uma alta de 93%, "em virtude dos preços praticados pela Petrobras", explicou a Ultrapar.

Aa despesas gerais foram 36% maiores também, totalizando R$ 493 milhões, em função de despesas com fretes, efeitos pontuais de contingências, "além do efeito de contingenciamento de despesas ocorrido em diversas frentes no 2T20".

Os resultados operacionais, assim, foram de R$ 74 milhões, aumento de R$ 52 milhões em relação ao 2T20 e o Ebitda totalizou e R$ 422 milhões, 136% a mais na comparação anual, ainda que na comparação com o 1T21, tenha ocorrido uma reduçã de 25%, "fruto de menores margens".

BR Distribuidora

Entre os destaque da BR Distribuidora estão uma redução de 5,1% no volume vendido, na comparação com o 1T21, apesar de o Diesel ter tido um aumento de 3,2% em suas vendas. Na comparação anual, a companhia teve um aumento de 13,2% no volume vendido, o que era (mais uma vez) o mínimo esperado considerando-se o início da pandemia no mesmo período do ano passado.

A rede também registrou uma redução de 32% no lucro bruto na comparação com o 1T21, fruto, segundo a companhia, de menores margens de comercialização. Na comparação com o 2T20, observa-se um aumento de 113,6%, em função dos volumes comercializados.

Além disso, o market share foi 27,6%, uma redução de 0,5 p.p. na comparação com o trimestre anterior e um aumento de apenas 1,6 p. p. em relação ao segundo trimestre de 2021.

No 2T21 o Ebitda da BR Distribuidora foi de R$ 1.018 bilhão, sendo R$ 882 milhões o resultado normalizado pelos efeitos de estoque, hedge de commodities e ganhos tributários que totalizaram R$ 153 milhões.

Já o endividamento da companhia totalizou R$ 6,6 bilhões no fim do 2T21, ou seja, houve um aumento de 1,5 bilhão nela, causado principalmente pelo pagamento de R$ 1,1 bilhão em dividendos aos acionistas

Veja os detalhes desses dados na imagem abaixo:

Créditos: Reprodução/BR Distribuidora
Principais indicadores da BR Distribuidora. Créditos: Reprodução/BR Distribuidora
Principais indicadores quando considerada apenas a rede de postos BR. Créditos: Reprodução/BR Distribuidora
Principais indicadores quando considerada apenas a rede de postos BR. Créditos: Reprodução/BR Distribuidora

Veja na íntegra o relatório de resultados da BR Distribuidora no 2T21.

O que percebe-se de uma forma geral, então, é que ambas as companhias tiveram resultados relativamente fracos com alguns poucos aumentos nos números, mas que poderiam ser melhores, considerando-se o preço dos combustíveis, por exemplo, bastante reajustados, e o fato de que no ano passado, no 2T20, houve o lockdown e uma drástica diminuição no consumo de muitos dos produtos com os quais essas empresas trabalham. Mesmo assim, as altas, na comparação entre os dois anos não foram muito robustas.

Isso explica a queda significativa no preço das ações. Você não acha?