Iniciou nessa terça-feira, 21 de setembro, a sexta reunião de 2021 do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, órgão responsável, entre outras coisas, por definir a taxa básica de juros do Brasil, a Taxa Selic e por meio dela tentar controlar a inflação. O encontro, aconteceu ao longo do dia de ontem e segue nessa quarta-feira, dia 22, quando as decisões deverão ser divulgadas.

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir os rumos da economia brasileira e o último encontro aconteceu nos dias 3 e 4 de agosto. São integrantes do Copom, o presidente e oito diretores do Banco Central. As reuniões se dividem em dois momentos: no primeiro dia são apresentados todos os dados, indicativos e projeções econômicas do país aos integrantes da reunião. No segundo dia, com base nas apresentações feitas, são tomadas as decisões.

No último encontro, o Copom decidiu elevar a Taxa Selic em 1%, de forma que ela chegou aos 5,25% ao ano. Esse aumento foi uma tentativa, segundo o relatório divulgado, de suavizar a inflação quem vem alta no país. "Perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia", dizia o documento.

Inflação em quase 10% nos últimos 12 meses

Que os preços dos produtos estão mais caros e que o poder de compra do salário do trabalhador brasileiro é cada vez menor, isso todos devem estar sentindo no bolso, mas para entender melhor, vamos aos números.

De acordo com o último Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 10 de setembro, a inflação do mês de agosto foi de 0,87%, o que, somado aos demais meses de 2021, nos dá uma alta de 5,67% na inflação.

E as expectativas do mercado, considerando o cenário econômico vivido atualmente, não são se redução, não. Boletim Focus divulgado nessa segunda-feira, dia 20, a projeção para o ano já está em 8,35%. Por isso essas tentativas de elevar a Selic.

Como a Selic controla a inflação?

Abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic tem como papel orientar os demais juros do país e controlar a inflação, como já foi dito. Mas muitos podem estar se perguntando: afinal, como é que a Selic faz isso? Qual a relação entre Selic e inflação?

A resposta é mais simples do que pode parecer num primeiro momento: quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a ser definida em 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.

Expectativas para a reunião de setembro

No relatório divulgado ao fim da última reunião, o Comitê já antevia outro ajuste da mesma magnitude, ou seja, de cerca de 1%, principalmente considerando essa inflação alta, como apresentado acima.

E o mercado, de uma forma geral, também vem com expectativas de uma Taxa Selic ainda mais alta até o fim de 2021. Segundo o último Boletim Focus, até o fim de 2021 ela deve chegar aos 8,25%.

Considerando que em 2021 o Copom tem previstas apenas mais duas reuniões além dessa que inicia hoje, e que a Selic se encontra atualmente em 5,25% ao ano, o Copom poderia elevá-la em 1% em cada uma das reuniões e então a previsão atual do mercado se cumpriria.