O IBGE divulgou recentemente estatísticas sobre o curso da inflação no país em 2020. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano em 4,52%, ficando acima do centro da meta que era de 4%. É a maior inflação desde 2016, quando o índice ficou em 6,29%.

O IPCA, que é o indicador oficial da inflação do Brasil, cresceu 1,35% em dezembro de 2020, atingindo então os 4,52% no fim do ano, sendo a maior inflação para um mês de dezembro desde 2002.

De outro lado, apesar de ficar acima do centro da meta, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a inflação de 2020 respeitou a margem de tolerância traçada pelo CMN, que era de 2,5% a 5,5% para o ano.

Na contramão da inflação, o único a apresentar variação negativa (-1,13%) foi o setor de vestuário. "Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas. Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro", explica o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov.

Produtos mais caros em 2020

Considerando que o IPCA mede a variação dos preços de produtos do mercado para o consumidor final, concluí-se, em geral, que o brasileiro sentiu no bolso a inflação de 2020. Segundo o IBGE, diversos itens da cesta básica ficaram mais caros no acumulado do ano, como o tomate que saltou 52,76% no período, além de outros como:

  • Óleo de soja (alta de 103,79%);
  • Arroz (76,01%);
  • Batata-inglesa (67,27%);
  • Leite longa vida (26,93%);
  • Frutas (25,40%);
  • Carnes (17,97%).

O preço dos alimentos e bebidas, o principal fator para o desempenho da inflação, teve alta de 14,09% em 2020, sendo a maior alta desde 2002 quando o salto foi de 19,47%.

Para o gerente da pesquisa do IBGE, o intenso aumento dos alimentos do ano passado foi causado por vários fatores, em especial, pelo crescimento da procura por esses produtos, sendo influenciado também pela alta do dólar e das commodities no mercado internacional durante o ano, impactado pelas restrições da pandemia da covid-19.

Habitação, artigos de residência e transporte

Em 2020, o custo de habitação no Brasil apresentou alta de 5,25% baseada no aumento do preço da energia elétrica. "Em dezembro, passou a vigorar no país a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Além disso, houve reajustes tarifários em Rio Branco e Porto Alegre", explica o gerente da pesquisa.

Já os artigos de residência também pesaram na conta, cujos preços estavam atrelados à alta do dólar sobre eletrodomésticos, equipamentos e artigos de TV, som e informática.

Segundo o IBGE, juntos, os segmentos de alimentos e bebidas, habitação e artigos de residência fundamentam quase 84% da inflação de 2020.

Por sua vez, o custo do transporte também ficou mais caro e registrou alta de 1,03% no ano passado.