Achar setores na Bolsa de Valores resistentes a cenários turbulentos não é tão difícil quanto parece. Em suma, alguns são citados por 10 entre 10 analistas, como o das empresas exportadoras que querem se beneficiar com o dólar mais alto, em momento de aversão ao risco.

Ademais, a parte mais complicada de investir, é conseguir identificar quais as companhias têm mais resiliência ao cenário atual. A empresa pode até ter receitas turbinadas pela alta do dólar. Entretanto, é provável que não consiga entregar os retornos esperados caso esteja muito endividada em moeda estrangeira.

Da mesma forma, uma companhia totalmente exposta ao mercado interno pode vir a performar melhor do que outra que tem receitas majoritariamente vindas do exterior. Diante disso, quais as melhores opções disponíveis para investir, diante da instabilidade do mercado? Descubra a seguir.

Ações que podem ser boas oportunidades

  • Rede D’Or (RDOR3);
  • Raízen (RAIZ4);
  • Vale (VALE3).

De acordo com Dany Chvaicer, diretor de renda variável da Ébano Investimentos, é importante compreender para quais empresas, os investidores estão indo e quais estão sendo evitadas.

"Como a atual turbulência vem de uma crise política interna, os investidores evitam empresas estatais, mesmo ela tendo bons resultados. Tem menos gente procurando por elas, então os preços caem e isso pode ser prejudicial para a carteira com ações dessas companhias, principalmente no curto prazo".

Ademais, Chvaicer diz que a Ébano tem evitado as empresas voltadas somente ao mercado interno, com uma notável exceção: o grupo hospitalar Rede D’Or (RDOR3), uma das três empresas apontadas pelo especialista como opção de investimento neste momento complicado do mercado.

"Quanto mais a Rede D’Or se expande, maiores são as oportunidades que a empresa tem e os ganhos de margem. A empresa consegue barganhar com fornecedores, reduzindo custos e aumentando a rentabilidade. Além disso, o cenário macroeconômico é bastante positivo para o setor, com o envelhecimento da população", explica Chvaicer.

Por fim, Chvaicer recomenda outras duas opções de investimento: "a Raízen (RAIZ4), pelas chances e vantagens competitivas, com destaque para a enorme rede de distribuição, que além do Brasil, tem na Argentina terminais terrestres e portuários"; e a Vale (VALE3). De acordo com Chvaicer disse que a empresa se destaca pelo baixo nível de endividamento e potencial para ser "uma das maiores pagadores de dividendos para este ano."

Recomendações clássicas

  • Vale (VALE3);
  • Suzano (SUZB3);
  • Klabin (KLBN11).

Matheus Lima, analista da Top Gain, também cita a Vale como a empresa que, mesmo sofrendo nesses momentos de turbulência, são de "altíssimo valor" no longo prazo. Além disso, apresentam os resultados positivos. "Apesar de, recentemente, ter sofrido com a queda no preço do minério de ferro, é uma ação com potencial de longo prazo. Essas quedas acabam gerando uma certa oportunidade", diz Lima.

Ademais, o analista destaca duas escolhas clássicas diante da desvalorização do câmbio: Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), cujas receitas vêm da exportação de celulose. "São nossas principais referências quando falamos em alta do dólar e costumam ser boas quando acontece esse tipo de turbulência".

Opções menos óbvias

  • Taesa (TAEE11);
  • Telefônica Brasil (VIVT3);
  • Assai (ASAI3);
  • BrasilAgro (AGRO3);
  • 3R Petroleum (RRRP3).

De acordo com Flávio Conde, head de renda variável da Levante, é possível achar opções "menos óbvias", em diversos tamanhos e setores. A Taesa (TAEE11) é uma das escolhas do analista, já que as receitas da empresa tendem a ser menos impactadas por uma possível crise hídrica.

Conde destaca que "Ela recebe antecipadamente por uma quantidade de energia, então mesmo que distribuidora demande menos, nada muda. O consumo de energia pode cair, mas a transmissora continua ganhando o mesmo".

Na visão do analista, Conde também destaca a Telefônica Brasil (VIVT3), por conta do endividamento e por ser menos exposta a custos em dólar. Mesmo com a retomada do presencial, Conde disse que a demanda por serviços da empresa por internet, TV e telefone não deve diminuir.

Ademais, o analista também cita o Assai (ASAI3), por vender produtos básicos que com demanda constante, bem como atender a demanda de clientes vindos de supermercado premium, que migram as suas compras por conta do avança da inflação.

Já no agronegócio, Conde vê potencial para as ações da BrasilAgro (AGRO3), especializada no desenvolvimento e venda de terras agrícolas. "É uma outra forma de se proteger do dólar mais alto, que valoriza o produto da fazenda, e da inflação, que valoriza o preço das terras".

Por fim, o analista cita a 3R Petroleum (RRRP3).

"É uma small cap que está comprando ativos maduros da Petrobras e desenvolvendo bem os campos que adquiriu nos leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). E o preço da mercadoria dela, que é o petróleo, está subindo no mercado internacional, podendo chegar a US$ 95″, afirma Conde.