Está com vontade de ampliar os horizontes, investir em empresas do exterior, dolarizar sua carteira de investimentos? Uma das alternativas possíveis é comprando BDRs, sigla para Brazilian Depositary Receipts (recibos depositários brasileiros, na tradução).

Esse tipo de ativo foi liberado para investidores em geral em outubro de 2020. Antes, apenas investidores com mais de R$ 1 milhão investidos poderiam negociá-los. Desde então, muitos passaram a se interessar e a comprar BDRs.

Basicamente, a modalidade funciona por meio de certificados de ações, ou seja, você não compra a ação em si, mas valores mobiliários que representam os papéis. A emissão de BDRs é organizada e fiscalizada pela CVM brasileira. Então, os recibos são negociados na bolsa de valores.

Mas talvez você não saiba muito bem por onde começar. Afinal, são muitas opções e se as empresas brasileiras já deixam muita gente em dúvida, indeciso, imagina ter que escolher entre gigantes como a Amazon, Google, Tesla, entre outras, não é mesmo?

É pra ajudar nessa escolha que XP também mantém uma carteira de recomendações de ações (BDRs) internacionais. É a Top 10 Ações Internacionais (BDRs) XP. Vamos saber um pouco mais sobre elas abaixo e quais as ações recomendadas para o mês.

Top 10 Ações Internacionais (BDRs) XP

A carteira Top 10 Ações Internacionais (BDRs) XP é composta pelas 10 ações internacionais (BDRs) preferidas da XP. Ela é atualizada mensalmente e seu principal objetivo é tentar um desempenho superior ao índice MSCI All Country World Index em reais no longo prazo.

O O MSCI All Country World Index (ACWI) é, basicamente, um índice de ações global que mede o desempenho das ações nos mercados desenvolvidos e emergentes.

Vamos ver quais são as ações (BDRs) recomendadas para setembro?

Top 10 BDRs para setembro

Veja abaixo a lista de BDRs recomendadas para esse mês.

Créditos: Divulgação/XP
Créditos: Divulgação/XP

Conheça as empresas

Abaixo, saiba um pouco mais sobre cada uma das empresa e a explicação da XP para que cada uma delas esteja na carteira do mês.

Alphabet (Google - GOGL34)

- "Dá um Google aí!". A empresa, que literalmente virou um verbo presente no dicionário, é subsidiária da Alphabet e tem objetivo de ser o "A ao Z" da internet. A empresa possui 86% do mercado global de ferramentas de pesquisa e 3/4 do mercado de compartilhamento de vídeos (YouTube). Além disso, 3/4 dos aparelhos móveis do planeta possuem o sistema operacional Android instalado. Ou seja, a Alphabet é um gigantesco depósito de dados que são convertidos em anúncios direcionados em suas plataformas, de onde vem 85% do faturamento da empresa. Os outros 14% são compostos por serviços (Google Play) e nuvem (Google Cloud) e o 1% restante é conhecido como Moonshots, ou seja, negócios em estágio inicial mas com potencial revolucionário.

Apostas de crescimento: YouTube / YouTube premium / YouTube shorts / Inteligência Artificial / Direção Autônoma (Waymo) / Saúde (Calico & Verily Life)

Johnson & Johnson (JNJB34)

Multinacional americana, com mais de 130 anos de história, iniciou suas atividades como fabricante de curativos cirúrgicos. Hoje, as atividades da companhia são divididas entre três segmentos: 1) Farmacêutico (52% das receitas): Responsável pelo desenvolvimento de medicamentos e vacinas; 2) Equipamentos médicos (31%): Produção de aparelhos usados em cirurgias, como pinos e placas ortopédicas e lâminas de corte; 3) Bens de consumo (17%): Voltado ao dia-a-dia - produção de produtos de uso pessoal, como shampoos, band-aid e hidratantes.

A ação tende a ser defensiva para ambientes incertos, dado que a empresa é uma sólida pagadora de dividendos (em 2019, aumentou o pagamento pelo 57º ano consecutivo), possui robusta posição de caixa (US$ 18 bilhões), e consistente crescimento de receitas no segmento farmacêutico (~8% a.a nos últimos 20 anos).

Apostas de crescimento: pesquisa, desenvolvimento e distribuição de novos medicamentos (exemplo: vacina para Covid-19 e tratamento de mielomas), retomada da demanda por equipamentos cirúrgicos em 2021 e potenciais aquisições de novas patentes e de companhias farmacêuticas menores.

Mercado Livre (MELI34)

Em 1999, Marcos Galperin, aluno do MBA de Stanford deixou o banco Lehman Brothers para montar o maior e-commerce da América Latina. Hoje, a companhia argentina está presente em 18 países e é a segunda maior empresa do continente sul-americano, com um valor de mercado de US$ 80 bilhões, ficando atrás apenas da Vale S.A.

A companhia foi amplamente beneficiada pelo isolamento social devido à pandemia da Covid-19, que acelerou a migração do consumo para o digital, tendo dobrado seu faturamento em 2020 e atingido US$ 3,97 bilhões de receita líquida, número que representa um crescimento de 73% ante os US$ 2,3 bilhões registrados em 2019. Globalmente, seu alcance também cresceu: A cia. fechou 2020 com 133 milhões de usuários, um aumento de 78% a.a. explicado principalmente pela adesão em massa do mercado latino-americano ao e-commerce. No Brasil, o Mercado Livre registrou crescimento expressivo de 50% em suas vendas no ano de 2020.

Com base nesses dados, o Mercado Livre estuda investimentos bilionários na região. Em meados de março a empresa anunciou um investimento de 10 bilhões de reais ao longo de 2021. A intenção é tornar a companhia ainda mais relevante no Brasil, ao passo em que cria novas soluções logísticas a fim de acelerar os processos de entrega. Na Grande São Paulo e nas regiões metropolitanas de Florianópolis (SC) e Salvador (BA), por exemplo, a empresa já realiza entregas em apenas um dia.

A aposta em Mercado Livre busca trazer exposição ao tema de e-commerce na América Latina, que é um dos que mais cresce no mundo. Ao investir na empresa, a carteira passa a ter exposição a diversos países do continente, uma vez que a Argentina e o México são responsáveis por 25% e 15% do faturamento da companhia, respectivamente, sendo o Brasil o mais representativo com 55% de participação.

Disney (DISB34)

Com mais de 96 anos de história, a Disney iniciou suas atividades no segmento de estúdio e entretenimento, desenvolvendo conteúdo de filmes e músicas para diversos públicos. A empresa atua nos segmentos de TV por assinatura (35% das receitas), parques de diversão e hotéis (37%), estúdio e entretenimento (15%) e venda de produtos com a marca Disney (13%). Apesar de parques com operações reduzidas atualmente, a companhia continua bem posicionada estruturalmente e com vantagens competitivas de longo prazo intactas. A poder da marca, combinado com a produção de animações num mundo onde pessoas consomem cada vez mais conteúdo digital, são a fórmula para a companhia gerar valor e lucro no longo prazo.

E como uma empresa de quase 100 anos continua crescendo e se destacando? Resposta: inovação. O recente lançamento do Disney+ (serviço de streaming que oferece conteúdo da Disney, Marvel, Lucasfilm, Pixar e National Geographic) por US$ 7 mensais (contra US$ 13 do Netflix) é um exemplo disso. A Disney, que também é dona da ESPN e da Hulu, viu seu recém lançado Disney+ superar as mais otimistas expectativas: quase 30% do mercado alvo existente nos EUA já assina Disney+ e 37% assina o Hulu.

Apostas de crescimento: Plataforma de streaming (Disney+)

Visa (VISA34)

A Visa está no centro da revolução da transição do papel-moeda para o dinheiro digital. Em 1958, o Bank of America lança o primeiro cartão de crédito dos EUA com um limite de US$ 300 dólares. Mais tarde, em 1976, o sucesso do cartão tornaria-se internacional, fazendo com que o segmento do banco fosse desmembrado e renomeado como Visa. Mais tarde, seria lançado, em plena crise de 2008, como um dos maiores IPOs da história.

Hoje, a companhia está presente em mais de 200 países, com produtos disponíveis em diversos aparelhos, mas o foco ainda é o mesmo: ser o melhor método para pagar e receber para todos e em qualquer lugar. A Visa possui 3,3 bilhões de cartões ativos conectando consumidores ao redor do mundo. O faturamento possui ampla distribuição geográfica, com 46% das receitas provenientes dos EUA e 54% internacional. Quanto aos segmentos, a empresa fatura, em ordem de importância, com 1) Taxas de processamento de dados, 2) Taxas de serviços e 3) Taxas de transações internacionais.

Apostas de crecimento: Parcerias com produtoras de aparelhos móveis e acessórios que integrem os meios de pagamentos; Integração com automóveis em estacionamentos e postos de abastecimento; aumento nas transações sem papel-moeda em ecossistemas cada vez mais digitais e eficientes.

General Motors (GMCO34)

Uma das maiores fabricantes de automóveis e peças do mundo, a GM é a dona das marcas Chevrolet, GMC, Cadillac, Buick e OnStar. As divisões da GM Internacional e GM América do Norte são responsáveis pelas operações globais de veículos automotivos enquanto a GM Financial é responsável pelo segmento de financiamento, crédito e seguros.

As operações da empresa são focadas principalmente no mercado norte-americano, que é responsável por ~80% do faturamento da companhia, um posicionamento interessante dada a robustez da recuperação econômica do país num mundo pós-pandemia. No longo-prazo, a GM busca reduzir o consumo de petróleo e a emissão de gases-estufa via pesquisa e desenvolvimento de tecnologias como células de hidrogênio e baterias elétricas. Ainda como estratégia de crescimento, a General Motors deverá aumentar as suas ofertas de produtos no mercado chinês, via Chevrolet, Cadilac e Buick, bem como via marcas locais Baojun e Wuling e operações envolvendo joint ventures.

Além disso, a companhia possui uma operação eficiente, à frente da concorrência em termos de geração de caixa e margem EBITDA: Entre 2016 e 2019, pré-pandemia, a GM entregou média de 16% de margem, contra apenas 7% da Ford e 12% da Tesla.

Apostas de crescimento: 1) GM Ultium - plataforma de baterias elétricas que será a base para o futuro carbono-zero da companhia; 2) Cruise - segmento de software e veículos autônomos em parceria com a Microsoft, Walmart e Honda.

Microsoft (MSFT34)

Líder absoluta no mercado global de sistemas operacionais, a Microsoft atingiu o feito de ter o Windows instalado em 3/4 dos computadores pessoais do planeta. Se considerarmos dispositivos móveis, como tablets e celulares, a sua participação ainda se mantém em 30% dos aparelhos. O faturamento da empresa é dividido em 3 segmentos, cada um representando aproximadamente 1/3 do total, sendo eles 1) Computação Pessoal, que inclui o Windows e o Xbox; 2) Produtividade e Processos, que inclui o pacote Office 365, SharePoint, Skype e LinkedIn; 3) Computação em nuvem, que inclui o Azure, SQL e Windows Server. Geograficamente, 50% das receitas vêm de fora dos EUA.

Apostas de crescimento: Trabalho remoto (Office 365) / Computação em nuvem (Azure) / Games em nuvem / Plataformas sociais (LinkedIn e Discord)

TSMC (TSMC34)

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company possui a maior capacidade de produção de semicondutores do planeta e detém cerca de 50% do mercado global. A companhia atende clientes que não possuem tecnologia própria de chips para seus dispositivos.

Hoje, clientes de alto padrão utilizam sua tecnologia, como Apple, AMD, NVIDIA e Intel. São mais de 500 clientes atendidos que incluem os chips da TSMC em seus 10 mil dispositivos.

Geograficamente, a empresa possui indústrias em Taiwan, na China e nos EUA, sendo que este último é responsável por 60% de suas receitas. Por produto, 50% do faturamento vem de celulares, 30% de computação de alta performance e 10% de Internet of Things. Olhando para frente, o setor automotivo (5% das receitas) deve prover uma longa avenida de crescimento com a eletrificação dos veículos, bem como os temas estruturais da expansão do 5G, computação em nuvem e Inteligência Artificial.

Berkshire Hathaway (BERK34)

Uma das empresas mais procuradas pelo investidor que tem visão de longo prazo. A holding, dirigida pelo investidor mais reconhecido do mundo, Warren Buffett, possui controle e participação em empresas de variados segmentos, de joalherias à refrigerantes. Fato que nem todos sabem é que aproximadamente 80% das receitas da Berkshire são provenientes de seguros (GEICO, principalmente) e os 20% restantes com transporte ferroviário e geração de energia.

Os principais fatores que atraem investidores para a companhia são 1) O compromisso de Buffett com uma gestão transparente e com alto nível de governança corporativa; 2) O histórico de sucesso dos investimentos da holding em empresas sólidas como Coca-Cola, American Express, Gilette e, mais recentemente, na Apple e em ouro (Barrick Gold); 3) O alinhamento pleno de interesses entre a administração e os acionistas da empresa.

Alibaba (BABA34)

Também conhecida como a Amazon chinesa, a gigante transaciona USS$ 1 tri em produtos nas suas plataformas (usando a métrica GMV) ao ano, sendo 95% do volume local na China. A empresa possui 750 milhões de clientes que consomem anualmente em suas plataformas digitais e está bem posicionada para capturar um mercado cada vez mais acostumado a consumir produtos online. Os números não mentem: o faturamento da empresa cresce em ritmo acelerado de ~30% ao ano. O varejo compõe 90% do seu faturamento, mas assim como a Amazon, busca expandir no segmento de computação em nuvem (Alibaba Cloud), que já representa 9% das receitas e cresce aproximadamente 60% a.a.

Mudanças na carteira do mês

Do mês passado para cá foi realizada uma alteração na carteira de Top 10 BDRs. A XP deixou sua posição no setor de consumo discricionário por meio da Home Depot (HOME34) para abrir espaço para alocar 10% em Disney (DISB34). A Disney já esteve anteriormente na carteira da XP, mas havia sido deixada de lado, muito em função da pandemia.

Agora, segundo a XP, acredita-se que a Disney esteja bem posicionada para a reabertura econômica e recuperação do turismo, principalmente nos Estados Unidos e também para crescer através do Streaming, via Disney + que, segundo a XP, "é a melhor aposta em plataformas de filmes e séries disponível no momento".

A XP explica ainda que durante a pandemia a Home Depot teve bons resultados, beneficiando-se de muitas reformas feitas nos ambientes domésticos durante o período de confinamento das pessoas, porém, passado esse momento, estabeleceu-se uma difícil base de comparação, de forma que a empresa passa por um momento de desaceleração.