Engraçados, de fácil entendimento - às vezes nem tanto - e viralizam na internet quase que instantaneamente, em especial nas redes sociais. Os memes estão cada vez mais consolidados na web, consumidos não só por adolescentes e crianças, mas também por adultos.

Até aqui nada de novo, se você possui acesso à internet, mas sabia que dá para vender um meme? Sabia que, inclusive, alguns memes viralizados já foram vendidos por alguns milhares de dólares?

Saiba que isso não é meme e que estamos falando de uma espécie de comércio de memes e artes digitais, baseado no chamado non-fungible token, o NFT, responsável por classificar o conteúdo como verdadeiro.

Neste artigo você poderá entender como funciona esse tal de NFT e como os memes são vendidos atualmente. Além disso, nós do Poupar Dinheiro trouxemos uma lista com alguns memes e NFT's que foram vendidos recentemente. Confira e compartilhe com amigos!

Mas o que é NFT?

NFT é uma sigla para o termo em inglês "Non-Fungible Token", que em português quer dizer token não-fungível. O NFT é um tipo de certificado digital que garante a autenticidade de um ativo gerado por mídia digital, como imagem e vídeo.

Dessa forma, funcionando como NFT, o ativo é visto como a peça original e considerado único no mundo.

O segredo para entender o NFT está dentro da economia. Em regra, um ativo fungível é aquele que pode ser substituído por outro sem problemas, como por exemplo, o bitcoin (se você trocar um bitcoin por outro, terá a mesma coisa).

Não ficou claro? então pegue outro exemplo: dinheiro físico é um tipo de ativo fungível, pois se trocarmos uma nota de R$ 10 por duas cédulas de R$ 5, teremos o mesmo valor no final das contas. Isso é algo fungível.

De outro lado, o ativo não fungível é aquele que não pode ser trocado, porque é único. Ou, caso seja reproduzido, as cópias não passam de cópias sem valor de mercado.

No mundo da arte isso é muito comum; até existem várias obras iguais a Pablo Picasso pelo mundo (as réplicas), mas só os quadros que foram pintados por ele têm valor, um valor comercial e cultural único.

O mesmo acontecia no comércio de entretenimento em DVD, não muito atual frente à Netflix e companhia, mas o fato é que um DVD original sempre estará acima de suas piratarias.

Com a internet, repleta de muitas mentes criativas, veio ao mundo o meme, um tipo de conteúdo muito procurado e consumido na internet que satiriza fatos do dia a dia, cria situações engraçadas, dentre outras coisas. Essa procura por memes pode estar dando vida agora a um tipo especial de comércio de ativos (digitais), visto que tem quem acredite no potencial financeiro desse tipo de conteúdo.

Um NFT consegue garantir a autenticidade e exclusividade de qualquer extensão de arquivo, como vídeos, imagens, GIF e música. E, pelo que tem acontecido atualmente, existem aqueles que acreditam no potencial do meme - atrelado a um NFT - como uma obra de arte ou como algo valioso e que estão dispostos a pagar por um meme original.

NFT x cópias de memes: por que pagar?

"E quem pagaria qualquer fortuna por um meme?", você deve estar se perguntando ou deve ter refletido antes, já que, bastam alguns cliques digitais e temos em mãos qualquer meme que desejarmos. Bom, peças raras ou únicas tendem a ser caras, assim como é vastamente visto em obras de arte, por exemplo, sendo que cada uma delas têm algo em comum: a autenticidade. É assim que funciona no comércio das artes, tanto físicas quanto digitais.

Outra ideia por trás da compra de um meme está o ganho de direitos autorais sobre o ativo digital. Veja só: a transação de dinheiro por um NFT de um meme dá ao comprador o direito sobre aquele conteúdo - assim como acontece nos direitos autorias de músicas e vídeos no Youtube, por exemplo.

Atualmente, se uma música, vídeo ou até mesmo um meme com patente passa a ser usado por um canal do Youtube sem autorização do dono do ativo, tendo monetização com isso, com certeza o youtuber pode ter problemas.

Além disso, vale ressaltar, que comércio digital não gira somente em torno dos memes, visto que qualquer tipo de conteúdo (desde que seja um ativo não fungível, ou seja, algo insubstituível) pode ser patenteado, como é o caso dos domínios de sites e aqueles recursos premium vendidos nos jogos online, como roupas e armas personalizadas e skins.

Como funciona o comércio de memes/NFTs?

Toda a negociação de um meme ocorre por meio de uma tecnologia chamada blockchain, que é a mesma usada em transações de bitcoin. Assim, o vendedor e o comprador do meme (colecionadores/investidores de obras de arte, por exempo) recorrem ao sistema criptografado da rede blockchain para registrar o NFT, sendo então um comércio essencialmente digital e muito seguro.

Com o sucesso dos memes e as vendas de NFT por valores altos ganhando fama no mundo todo, já existem várias plataformas focadas na criação, venda e compra de NFT. O blockchain Ethereum (ETH) é o mais usado atualmente.

Onde os memes são vendidos?

Os memes e as artes digitais são vendidos em plataformas específicas ou até mesmo corretoras de criptomoedas, como a Binance. Saiba mais no artigo abaixo:

Vale mencionar a empresa considerada pioneira nesse comércio de NFT, a OpenSea que é, também, uma das maiores vitrines de NFT do mundo. Em seu site, o marketplace de memes conta um pouco sobre esse mercado e sobre como a empresa funciona, veja abaixo:

"Na OpenSea, estamos entusiasmados com um novo tipo de bem digital chamado token não fungível, ou NFT . Os NFTs têm novas propriedades empolgantes: eles são únicos, comprovadamente escassos, negociáveis e utilizáveis em vários aplicativos. Assim como os bens físicos, você pode fazer o que quiser com eles! Você pode jogá-los no lixo, presentear um amigo em todo o mundo ou ir vendê-los em um mercado aberto. Mas, ao contrário dos bens físicos, eles estão armados com toda a programabilidade dos ativos digitais. Uma parte central de nossa visão é que protocolos abertos como Ethereum e padrões interoperáveis como ERC-721 e ERC-1155 permitirá novas economias vibrantes.

Estamos construindo ferramentas que permitem que os consumidores negociem seus ativos livremente, os criadores lancem novos trabalhos digitais e os desenvolvedores criem mercados ricos e integrados para seus ativos digitais".

Com operações iniciadas em 2017, a OpenSea já abriga mais de 20 milhões de NFT's e ainda gerenciou um volume transacionado superior a US$ 4 bilhões nos anos de operação.

Casos de sucesso: Memes NFTs vendidos por muitos milhões de dólares

Meme "Doge": US$ 4 milhões

Réplica do NFT doge.
Réplica do NFT "doge".

Vendido por US$ 4 milhões equivalente a um lance via leilão de 1.696,9 ethereums (ETH) em junho deste ano, sendo o meme mais caro do mundo até agora. A obra digital traz um cão da raça Shiba inu, chamado originalmente de Kabosu por sua dona, a japonesa Atsuko Sato que é professora.

Após postar a foto em um blog pessoal em 2010, Sato viu seu cão circular na web como um meme após alguém o chamar de "doge". O cachorro fotogênico inspirou a criação da criptomoeda Dogecoin.

Meme "Disaster Girl": quase US$ 500 mil

Foto da menina que rendeu os memes Disaster Girl. - Foto: Reprodução.
Foto da menina que rendeu os memes "Disaster Girl". - Foto: Reprodução.

A norte-americana Zoë Roth foi fotograda em 2005, com 4 anos de idade, em frente a um incêndio com uma expressão facial, digamos, bastante incomum para a situação. Após rodar o mundo como meme, a foto original da menina foi vendida via NFT por quase US$ 500 mil, cerca de R$ 2,6 milhões, em leilão virtual feito em abril de 2021.

Meme "Nyan Cat": US$ 500 mil

O vídeo do gatinho pixelado caminhando ao infinito postado no Youtube em 2011, batizado de Nyan Cat, também é um caso de meme bem sucedido financeiramente. Após viralizar na internet, o meme virou NFT e foi vendido por mais de US$ 500 mil em leilão que durou 24 horas em fevereiro deste ano. A transação foi de 300 ETH.

Meme "Overly Attached Girlfriend": US$ 400 mil

O meme em vídeo da "namorada ciumenta" viralizou na internet há alguns anos e acabou virando um NFT vendido por US$ 400 mil em abril deste ano. Com a música "Boyfriend" de Justin Bieber, Laina apresenta-se para um concurso do cantor com olhos abertos e expressões um tanto assustadoras em uma paródia que rendeu diversos memes sobre relacionamentos e ciúmes exagerados.

Meme "Grumpy Cat": US$ 100 mil

Reprodução.
Reprodução.

Também representando a classe felina, o gatinho rabugento que viralizou na internet faturou uma fortuna de US$ 100 mil com a foto original do meme em leilão feito em março deste ano pela Foundation.

"Provavelmente o felino mais famoso do planeta, Grumpy Cat é autora de best-sellers do New York Times, estrela de seu próprio filme de Natal e o primeiro gato da história a ser homenageado com a figura de cera de Madame Tussaud. Grumpy se tornou um ícone cultural pop em 23 de setembro de 2012, depois que sua foto carrancuda foi postada no Reddit", consta na página de venda do meme.

Meme "Leave Britney Alone": US$ 44,4 mil

Vídeo incorporado do YouTube

Outro vídeo que viralizou na internet foi o "Leave Britney Alone", produzido por Chris Crocker, uma fã de Britney Spears que resolveu defender uma performance da cantora no prêmio VMA de 2007.

Após virar um NFT, o vídeo foi vendido por US$ 44,4 mil em abril deste ano em leilão cujo lance inicial era de US$ 23,7 mil.

Meme "Bad Luck Brian": US$ 36,5 mil

Cr
Reprodução.

Em meados de 2005, o jovem Kyle Craven tirou uma foto para o álbum de sua escola; o diretor não aprovou muito. Em 2012 o amigo do garoto, Ian Davies, postou a imagem no Reddit como brincadeira; a internet adorou e transformou a imagem em memes, várias versões deles, por sinal.

Após o sucesso da imagem, e com o avanço dos NFT's, Craven vendeu seu meme em março de 2021 para um lance de leilão de US$ 36,5 mil, com transação de blockchain Ethereum (ETH).

Outros NFTs negociados

A colagem de Beeple: US$ 63,9 milhões

Reprodução.
Reprodução.

Sob o pseudônimo "Beeple" ou "Beeple Crap", o artista digital norte-americano Mike Winkelmann trabalhou por 5 mil dias em uma obra baseada em colagens de várias figuras criadas por ele. A montagem que você vê acima foi chamada de Everydays: the First 5000 Days e foi vendida por US$ 63,9 milhões em leilão feito em março deste ano.

A organizadora do leilão, a empresa Christie's, disse que a obra de arte de Mike Winkelmann foi o primeiro ativo totalmente digital vendido na casa, que já opera há 250 anos. Iniciada em 2007 por Mike e finalizada 14 anos depois, a Everydays: the First 5000 Days é a obra digital mais cara da história.

"Stay Free", a denúncia de Edward Snowden: US$ 5,4 milhões

Edward Snowden é um analista de sistemas norte-americano que trabalhou para a CIA e a Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA). Em 2015, Edward denunciou um programa de espionagem usado pelo governo estadunidense, que foi considerado ilegal pela justiça do país.

Em uma arte digital que traz o retrato e a assinatura de Edward Snowden, sendo uma foto tirada pelo fotógrafo Platon, o NFT em questão reúne todas as páginas do processo judicial que o analista iniciou. "Este leilão é em nome da Fundação Liberdade de Imprensa", consta no site que organizou a transação. O valor impressiona: batizada de Stay Free, a obra saiu por quase US$ 5,4 milhões.

O NFT de US$ 2,9 milhões do CEO do Twitter

Também não sendo um meme em si, essa venda merece entrar na lista com destaque devido aos valores envolvidos. O tuíte de 2006 onde Jack Dorsy, atual CEO do Twitter, diz estar "apenas configurando" sua rede social foi vendido por quase US$ 2,9 milhões, cerca de 15,9 milhões de reais, em forma de NFT em março de 2021. Além disso, esse foi o primeiro tuíte comercializado.

Hoje em dia, a relação entre NFTs e o Twitter, rede social comprada por Elon Musk, é bem íntima desde o início de 2022.

Em janeiro, o Twitter anunciou que inseriu uma nova funcionalidade na rede social. Em suma, essa novidade pode ser usada pelos assinantes do programa Twitter Blue (perfis verificados).

De acordo com o Twitter, é possível usar um token não fungível (NFT) como foto de perfil na plataforma. A partir desse lançamento, o Twitter ganha destaque em originalidade e até mesmo em pioneirismo, já que os seus concorrentes como Facebook e Instagram, não dispõem dessa funcionalidade - saiba mais aqui.