Essa quarta-feira, 4 de maio, vai chegando ao fim com mais uma elevação da taxa básica de juros da economia brasileira: agora a Selic chega aos 12,75%. A decisão foi tomada pelo Comite de Política Monetária (Copom) durante a terceira reunião de 2022 iniciada ontem, dia 3 e encerrada hoje.

Esse foi o décimo aumento consecutivo da taxa que iniciou 2021 em 2%, o menor patamar de sua história. Mas a expectativa era mais ou menos essa mesmo, segundo o mercado financeiro e o próprio Banco Central, que ao fim da última reunião, já havia sinalizado mais essa elevação.

Além disso, no último boletim Focus, em que o BC mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção já apontava de que a taxa básica deve encerrar 2022 em 13,25% ao ano.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária, diz o relatório da reunião.

Inflação segue impactando

No mesmo Boletim Focus, as estimativas do mercado para a inflação, também vêm crescendo há pelo menos 16 semanas, com uma alta frequente dos preços, impactada primeiro pela pandemia e mais recentemente pela guerra entre Rússia e Ucrânia que também causa choque na inflação de outros países.

Inclusive, o Federal Reserve, banco central norte-americano, também elevou hoje, dia 4 a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,50 ponto-percentual, para o intervalo entre 0,75% e 1%, em linha com as expectativas do mercado.

Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O que é a Taxa Selic?

O termo Selic é uma sigla, e significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia. Ele é responsavel por registrar todas as operações relacionadas aos títulos escriturais do Tesouro Nacional. O que acontece é que boa parte destes ativos é comprada pelos grandes bancos. Por lei, eles são obrigados a direcionar uma porcentagem de seus depósitos a uma conta do BC.

O volume de operações bancárias em um único dia é muito grande. Ao somar o montante de todas as instituições, o total é ainda maior. Então, o BC impõe que os bancos devem fechar o dia com o caixa equilibrado. O objetivo é evitar excesso de dinheiro em circulação, e, consequentemente controlar a inflação.

Para isso, as instituições fazem empréstimos entre elas. Há uma taxa de juros e também a emissão de títulos de curtíssimo prazo (1 dia). Assim, é feita uma média ponderada e ajustada que é divulgada diariamente. Ela é a taxa Selic Overnight. No ano, ela é a taxa Selic anual.

Por isso, a Selic é tida como a taxa básica de juros da economia, pois ela é utilizda como base para todas as demais taxa de juros e serviços financeiros. E assim também que ela ajuda, normalmente, a conter a inflação, pois quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Por que a Selic vem sendo elevada?

Antes de mais nada, porém, é importante entender por que a Selic vem sendo elevada. E a explicação é mais simples do que pode parecer num primeiro momento: quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Foi exatamente isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.

E agora o Brasil vive um momento bem difícil. Com a instabilidade econômica que se instalou, em função da pandemia, situação que vem resultando, inclusive, em uma recessão técnica da economia como um topo, já que o PIB vem caíndo nos últimos dois trimestres, o ideal seria ter uma Selic mais baixa para estimular o consumo. Isso não é possível, porém, por nos últimos 12 meses, a inflação já acumula uma alta de 10,54%.

Dessa forma, o Copom vem elevando a Selic com o objetivo de tentar controlar essa inflação. Nesse cenário, não há como escapar, de uma forma ou de outra ela vai impactar no seu bolso. Mas você pode entender esses processos e usá-los a seu favor. Veja como.