No último domingo de outubro saíram os resultados das eleições no Brasil e o ex-presidente Lula (PT) vai comandar o país nos próximos quatro anos (2023-2026). Os brasileiros também concluíram a escolha dos nomes para os cargos de senador, governador e deputado.

Com a validação do ato democrático, apesar de forte manifestação contra o petista ser o destaque neste momento pós-urnas, já iniciou a etapa de transição de governo.

E quem é investidor ou quem está entrando no mundos dos investimentos deve decidir o que fazer com seu dinheiro após as eleições. Os últimos meses foram agitados para quem está na bolsa de valores, que respondeu à tensão política com muita oscilação.

Mas será que isso deve continuar com a eleição de Lula? E a renda fixa, como deve ficar?

Como o mercado vê a eleição de Lula no Brasil?

O mercado financeiro esperava ansioso pelo término das eleições no Brasil. Grandes investidores, agências de risco e casas de análises trabalharam juntos para analisar os candidatos mais bem posicionados para presidente, a fim de se preparar para tudo.

Indo contra muitas projeções, com o fim das eleições, a bolsa de valores brasileira registrou alta e a moeda brasileira foi valorizada no mercado.

O ânimo não parece estar diretamente relacionado ao candidato escolhido pelos brasileiros, mas ao que o fim das eleições representa: fim das tensões políticas.

Lula é um candidato experiente que comandou o país por oito anos (2003 até 2011), então já se sabe como o petista costuma governar: preservação das estatais, destaque para programas sociais e discurso de sustentabilidade.

Entretanto, o mercado financeiro não está muito preocupado com a ligação de Lula (o próximo presidente do Brasil) a ideais de esquerda. Isso porque a maioria dos brasileiros foram às urnas e elegeram o Congresso (Senado e Câmara) mais liberal economicamente falando, além de bastante conservador no que diz respeito a políticas e costumes.

Onde investir após a eleição de Lula como presidente?

No Brasil! A resposta parece óbvia, mas ajuda a entender o cenário apto para investimentos que se tornou a bolsa de valores brasileira após o término das eleições.

Logo após o 1º turno, como dito acima, com a eleição imediata na maioria dos estados de nomes ligados aos movimentos de direita, investidores fizeram fortes aportes nas ações do Ibovespa.

Desde o 1º turno e após o segundo turno (30/setembro - 31/outubro), o Ibovespa teve uma alta acumulada de 5,45%, um ganho de mais de 6 mil pontos. O resultado segue positivo em novembro.

A informação de mercado, segundo os registros da B3, é que os aportes foram, especialmente, feitos por investidores estrangeiros.

Apesar dessa alta imediata da bolsa de valores brasileiras, as perdas acumuladas em muitos casos fazem com que a B3 tenha hoje um estado de 'Bolsa com oportunidades de compra', um grupo de ações consideradas baratas.

Analistas trocam estatais por privadas

Algo que ajuda a entender como analistas estão vendo os resultados nas eleições é a troca de algumas estatais por empresas listadas (do mesmo setor) e que sejam privadas. Isso pode ser visto, por exemplo, nas recomendações do banco de investimentos BTG Pactual.

O principal exemplo está na Petrobras (PETR3/PETR4), cujas ações em queda mostram a reação do mercado após a eleição de Lula, que defende a permanência da empresa como, praticamente, ferramenta do Estado.

Além disso, o petista também estuda "abrasileirar" a política de preços da Petrobras, prática que pode reduzir os ganhos da estatal, então o mercado precifica isso neste momento.

Nos últimos meses, no governo de Jair Bolsonaro, a Petrobras muito se beneficiou da forte alta do petróleo no mercado internacional, gerando lucros recordes e dividendos bilionários para acionistas. Mesmo com o governo federal ficando com a maior fatia, a Petrobras foi referência em remuneração de acionistas não só no Brasil, mas no mundo.

Pelas casas de investimentos, é possível observar que a preferência por empresas privadas, que primeiro foi necessária devido às tensões políticas em ano de eleição, continua prevalecendo com a eleição de Lula.

Em posse do governo federal, outro exemplo clássico está no Banco do Brasil (BBSA3) que caiu forte após a eleição de Lula e que é uma instituição com longo histórico de dividendos para acionistas.

Todavia, algumas companhias em posse de determinados estados (como a Sabesp) seguiram em alta na Bolsa após as eleições de políticos de direita.

E os juros na renda fixa?

Créditos: Divulgação/Pixabay
Créditos: Divulgação/Pixabay

Quem busca por rendimentos de dois dígitos ao ano, com a segurança da renda fixa, também encontra no Brasil várias oportunidades, pelo menos no 1º ano de mandato de Lula.

Neste momento, o mercado financeiro projeta que a Taxa Selic termine 2022 a 13,75% ao ano, caindo para 11,25% ao ano em 2023. É uma queda, mas ainda assim a taxa de juros deve seguir em dois dígitos, beneficiando a renda fixa.

Todavia, no 2º e 3º mandato de Lula, neste momento, o mercado financeiro vê que a taxa selic vai cair para 8,00% e 7,75% ao ano (2024 e 2025). A retração na selic deve ser considerada em simulações mais precisas de ganhos futuros.

Portanto, o investidor em renda fixa pode esperar por rendimentos menores nos próximos anos, mas nada que se compare com o cenário complicado dos juros a 2% a.a., atingido na pandemia.

De outro lado, a projeção atual é que a inflação supere 5,60% ao ano em 2022, mas caia para 4,95%, 3,50% e 3,00% nos anos consecutivos seguintes.

A queda na inflação, se concretizada, indica ao investidor de renda fixa que os rendimentos ligados ao IPCA devem cair nos próximos anos.

Destaque para o fato de que a retração da inflação também reduz os ganhos dos cotistas de fundos imobiliários ligados ao IPCA.

Diversificação é o segredo (não importa o governo)

Tomar decisões é importante quando o assunto é investimentos e as escolhas dependem do tipo de investidor e seus objetivos.

Os eventos políticos e econômicos podem ajudar nesse processo. Mesmo assim, a recomendação de mercado é que a carteira de investimentos sempre seja diversificada.

Isso quer dizer que, mesmo com todos os fatores favorecendo determinado ativo, é importante espalhar o capital e reduzir o risco de perdas.

Cabe aqui a máxima de que não é inteligente colocar todos os ovos na mesma cesta.

Para os investimentos, a diversificação está ligada em aplicar o seu capital em diversos tipos de ativos, como renda fixa, ações, fundos imobiliários, entre outros. Essa técnica ajuda a diluir os riscos e maximizar ganhos. Portanto, mesmo havendo perdas em alguma ação, isso não fará com que o investidor tenha perdas definitivas. Saiba mais aqui!

*Não é recomendação de investimentos.