O valor oficial no salário mínimo no Brasil hoje é de R$ 1.212,00. Mas em tempos de inflação alta, viver apenas com um salário mínimo é um desafio, ainda mais se esse trabalhador tiver que sustentar outras pessoas da família e/ou arcar com as contas de uma casa.

Quem depende desse valor com certeza tem dificuldades de pagar as contas básicas, como aluguel, água, energia elétrica, comida, gás, entre outros. E isso está se tornando quase um pesadelo para milhões de brasileiros.

Mas afinal, quais os fatores que definem o valor do salário mínimo e quanto deveria ser o valor ideal para conseguir sobreviver? Confira na matéria abaixo.

Por que o salário mínimo não rende?

A verdadeira questão para tudo isso está no reajuste. Até 2019, o salário mínimo era reajustado conforme a inflação do ano anterior, somado ao aumento real do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.

A regra era válida desde 2015. Porém, a partir de 2020, o aumento começou a levar em conta somente o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), um indicador de inflação criado que mede o impacto do aumento dos preços daqueles que ganham até cinco salários mínimos. O que ocorre é que nos últimos três anos, o aumento do salário mínimo não cobriu a inflação.

O salário mínimo é a principal referência para a economia brasileira, pois ele atinge mais de 60 milhões de pessoas, entre trabalhadores e segurados do INSS. Dentro desta parte da população, estão aproximadamente 26 milhões de aposentados e pensionistas. A previdência, aliás, é um dos pontos mais é a principal parte atingida pelo salário mínimo. Quando o salário mínimo aumenta, o governo deve subir também o valor da previdência.

Qual seria o valor do salário mínimo ideal?

Todos os meses, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) calcula qual deve ser o valor do salário mínimo ideal para os brasileiros. Em abril de 2022, ele ficou em R$ 6.754,33. Ou seja, o valor sugerido é mais de cinco vezes o valor atual.

O Dieese afirma que esse seria o mínimo para que uma pessoa consiga sustentar uma família de quatro pessoas, levando em consideração gastos com moradia, transporte, alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência.

Só a cesta básica no Brasil equivale a 56% do salário mínimo. Contudo, o poder de compra do trabalhador reduziu consideravelmente nos últimos anos. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Banco Mundial, levando em consideração o dólar como moeda base, o salário mínimo médio no Brasil é de US$ 2,2 por hora.

Com isso, o Brasil fica atrás de outros países da América Latina, como o Chile, por exemplo, que remunera em US$ 3,3 em média e a Colômbia, que é de US$ 2,9, ficando apenas à frente do México, que paga US$ 1,4 apenas.

Veja os valores da hora em dólar de outros países:

  • 1° México - US$ 1,4
  • 2° Brasil - US$ 2,2
  • 3° Rússia - US$ 2,6
  • 4° Colômbia - US$ 2,9
  • 5° Eslováquia - US$ 3,2
  • 6° Chile - US$ 3,2
  • 7° Costa Rica - US$ 3,5
  • 8° Letônia - US$ 4,3
  • 9° Estônia - US$ 5,6
  • 10° Grécia - US$ 5,8

Com informações: OCDE, Banco Mundial e Dieese