Os próximos dias deverão ser marcados por vários acontecimentos importantes para o mercado financeiro. Depois de uma semana de fortes quedas nas ações, com o Ibovespa chegando em sua mínima do ano (103 mil pontos), essa semana contará com a temporada de resultados trimestrais, que iniciou na sexta-feira, dia 22, e também com reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) do Banco Central.

No último encontro do Copom, realizado nos dias 21 e 22 de setembro, a taxa Selic foi elevada em 1%, passando a ser de 6,25% ao ano e no relatório da reunião divulgado ao fim dela, o comitê já previa que novos aumentos na mesma magitude poderiam acontecer nas reuniões futuras. Porém, diante dos acontecimentos politoco-econômicos registrados na semana passada, o mercado financeiro já está prevendo uma elevação ainda maior, podendo ser de cerca de 1,25%.

A próxima reunião, sétima de 2021, acontecerá nessa terça e quarta-feira, 26 e 27 de outubro. Participam do encontro o presidente do Banco Central e oito diretores da instituição. No primeiro dia são apresentados e avaliados dados sobre a situação econômica atual e no segundo dia são tomadas as decisões, que costumam ser divulgadas ao fim da tarde.

Inflação alta e Selic alta

A principal causa dessa elevação constante da taxa Selic - que iniciou 2021 em 2% - é a inflação que vem bastante acelerada nos últimos meses. De janeiro a setembro ela já acumula uma alta de 6,90% e na soma dos últimos 12 meses chega a 10,25%. Além disso, as projeções do mercado vêm piorando, semana após semana em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. A expectativa para 2021 agora já é de 8,96% ao ano.

E por falar em previsão, o mercado também está acreditando que a Selic não só vai encerrar 2021 ainda mais alta do que está hoje, em 8,75%, como deverá ser elevada em 2022 também, chegando aos 9,50% para voltar aos 6,50% em 2023, segundo dados do Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nessa segunda-feira, 25 de outubro. Foi a primeira vez no ano que a expectativa para a Selic ultrapassou os 9%.

Acontecimentos da última semana

Isso se deve, em grande parte, aos acontecimentos da última semana, os mesmos que derrubaram o Ibovespa, ou seja, a ameaça de um furo no teto de gastos em 2022 por parte do governo federal se a PEC dos Precatórios não for aprovada como o ministério da Economia deseja.

Na última sexta-feira, após o pedido de exoneração por parte de alguns servidores do ministério da Economia e de rumores sobre a demissão do ministro Paulo Guedes, Guedes e o presidente Jair Bolsonaro chegaram a fazer um pronunciamento juntos negando a informação e abordando o tema do Auxílio Brasil, origem das polêmicas.

O Auxílio Brasil, para quem não está familiarizado, é o novo programa do governo federal, que deve entrar em vigor em novembro, em substituição ao Auxílio Emergencial e ao Bolsa Família, porém, para que ele possa ser pago em 2022, o governo federal precisa de uma folga de R$ 40 bilhões no orçamento, o que não existe atualmente. Uma das saídas propostas foi o parcelamento dos precatórios, porém, a medida não foi vista com bons olhos pelo Congresso Nacional.

Algumas instituições prevêm aumento de até 1,5%

É dentro desse cenário que as insitituições financeiras estão prevendo o aumento da Selic, e quando falamos que essa elevação poderá ser de cerca de 1,25%, estamos falando de uma média, pois há aquelas que, mais pessimistas já veem uma Selic 1,50% maior ainda nessa semana.

É o caso da UBS BB, por exemplo. Ela acredita também que no início de 2022 a Selic já vai estar na faixa dos 10,25% ao ano, maior patamar desde julho de 2017 e 8,25% acima da mínima de 2% que foi registrada entre agosto de 2020 e março de 2021.

Já o Morgan Stanley acredita que a elevação deve ficar em 1,25% se o Copom não agir de forma mais agressiva. Porém, o banco também concorda que se o BC adotar uma política mais dura, o aumento poderá chegar a 1,50%, sim.

O Credit Suisse, por sua vez, mais otimista, acredita que o aumento não deve passar de 1,25% nesse momento, porém, ele acredita que em dezembro outra elevação de 125 pontos percentuais deverá acontecer e que no começo de 2022 haverá ainda outros dois aumentos de 1% e de 0,75%, que deixarão a Selic em 10,5% ao ano.

Por fim, o JPMorgam aumentou também a sua expectativa de aumento da Selic para 1,25% e não apenas para essa reunião do Copom, mas também para a próxima, que ocorre em dezembro.