Em meio aos impactos da guerra no leste europeu e do nervosismo no mercado financeiro internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou ontem, 14 de junho, a quarta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Hoje, dia 15, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.

A expectativa é por um novo aumento, que seria o 11º consecutivo. No entanto, também acredita-se que esse possa ser o último. Atualmente a Selic está em 12,75% e o mercado estima que a Selic passe de 12,75% para 13,25% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual e então permaneça assim até o fim de 2022, pelo menos.

Desacelerando

Se essa expectativa se confirmar, o Copom estará finalmente desacelerando o ritmo de elevações (ou até parando com elas) depois de um ciclo de mais de um ano de altas que chegaram a ser de 1,5 ponto percentual em meados de 2021.

Isso tem relação com o fato de que os dados mais recentes da economia brasileira mostram que a inflação também pode estar, finalmente, desacelerando um pouco. A elevação dos preços e perda do poder de compra vinham subindo mais de 1% ao mês (salvo algumas excessões) no últimos meses e em maio, ficou em 0,47% segundo dados divulgados pelo IBGE na semana passada.

Ela ainda está alta, é claro, e já quase ultrapassa o teto da inflação previsto anteriormente para o ano de 2022, que era de 5%, Aliás, o últiimo Boletim Focus chegou a prever a inflação em até 9% no fim de 2022. Mas além disso, as últimas informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, referentes ao 1T22, também foram mais positivas do que o esperado: ele cresceu 1%.

Ata da última reunião previa isso

Vale lebrar também que na ata da última reunião, os membros do Copom tinham sinalizado que pretendiam concluir o ciclo de alta da Selic porque as elevações dos últimos meses ainda estão sendo sentidas pelo mercado.

Por outro lado, também é preciso considerara que a guerra entre Rússia e Ucrânia passou a impactar a inflação brasileira, por meio do aumento dos combustíveis, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas. Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 40 anos, têm elevado a cotação do dólar em todo o planeta.

Selic nos próximos anos

Se todas as expectativas do mercado financeiro se confirmarem, um recuo da Selic poderá ser visto nos próximos anos. Segundo o Focus, em 2023 a taxa de juros deve ser de 10,13% - ante projeções de 8,25% a.a divulgadas anteriormente. Em 2024 e 2025 a Selic ainda deve cair para 7,50% e 7%, respectivamente.

O que é a Taxa Selic?

Abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, responsável por orientar o cálculo dos demais juros do país, como os de financiamentos, empréstimos, bem como a rentablidade de alguns tipos de investimentos.

Sempre revisada pelo Copom, órgão do Banco Central, a cada 45 dias, a Selic mostra como os bancos devem cobrar por empréstimos e financiamentos e impõe a rentabilidade direta ou indireta de investimentos. O título público federal Tesouro Selic, por exemplo, tem rentabilidade que acompanha as variações da taxa.

Além disso, a Selic também norteia a inflação no Brasil (atingindo em cheio o IPCA), tudo para controlar a economia brasileira.

Com a Selic sendo elevada, logo os empréstimos e financiamentos ficam mais caros e o poder de compra dos brasileiros diminui; neste caso, é observada uma desaceleração na economia. Entretanto, alguns investimentos, como os títulos públicos, ficam com uma rentabilidade maior.

De outro lado, quando o Copom decide baixar a Selic - assim como ocorreu fortemente em 2020 -, o movimento é, em tese, o contrário e a intenção do governo, junto aos economistas, é deixar o crédito mais barato e incentivar o consumo da população e a produção do mercado, aquecendo a economia.

A taxa básica de juros também é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).