Em 2022, a inflação acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%, abaixo dos 12,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira, 9 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE).

A inflação, então dada pelo indicador IPCA, recuou para 0,47% em maio de 2022, após ter alcançado 1,06% em abril. Em maio de 2021, a variação havia sido de 0,83%.

O destaque de maio foi do grupo Vestuário, que apresentou a maior variação, com alta de 2,11% e 0,09 ponto percentual (p.p.) de contribuição na composição do indicador de preços. Já o maior impacto (0,30 p.p.) veio dos Transportes (alta de 1,34%), que, entretanto, desaceleraram em relação a abril quando o avanço foi de 1,91%, segundo o IBGE.

No caso dos Transportes, a alta foi puxada pelas passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%), sendo o maior impacto individual positivo no índice do mês (0,08 p.p.), juntamente com os produtos farmacêuticos, que subiram 2,51% (impacto de 0,08 p.p.) e fazem parte do grupo Saúde e cuidados pessoais (1,01%).

"Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio. A alta deve-se a dois fatores: elevação dos custos devido ao aumento nos preços dos combustíveis; e pressão de demanda, com o aumento do consumo, após um período de demanda reprimida por serviços, especialmente aqueles prestados às famílias. Isso impacta, também, alimentação fora do domicílio e itens de cuidados pessoais", explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Preços em maio: remédios mais caros; recuo em alimentos e combustíveis

No caso dos produtos farmacêuticos, foi autorizado em abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido menor neste último mês. "Mas como o segmento tem peso, acaba impactando bastante", justifica o gerente do IPCA.

Outro destaque em maio foi a desaceleração do segmento de Alimentos e bebidas, que registrou 0,48%, frente à alta de 2,06% em abril. Kislanov explica que produtos que vinham subindo bastante tiveram quedas expressivas em maio, a exemplo do tomate (-23,72%), da cenoura (-24,07%) e da batata-inglesa (-3,94%). Ele observa que existe um componente sazonal porque, normalmente, o início do ano é marcado por preços mais altos dos alimentos devido a questões climáticas.

"Agora começamos o período de outono-inverno que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura (116,37% em 12 meses), subiram muito, o que faz com que a base de comparação seja muito alta. Já o preço do leite continua subindo, devido ao período de entressafra, com pastagens mais secas, e à inflação de custos com a elevação dos preços de commodities como milho e soja, usadas na ração animal", esclarece o gerente do IPCA.

Os combustíveis também tiveram desaceleração em maio, após altas expressivas nos preços das refinarias em março, que foram repassadas para o consumidor final em março e em abril. A desaceleração nos preços dos combustíveis (1,00%) em relação ao mês anterior (3,20%), ocorreu devido especialmente à gasolina, que passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio.

"Houve, inclusive, queda no preço do etanol (-0,43%), após uma alta de 8,44% em abril. Apesar da desaceleração dos combustíveis em geral, o óleo diesel teve uma alta de mais de 3%. Só que o produto tem um peso pequeno no IPCA, impactando mais transportes pesados como caminhões e ônibus", destaca Kislanov.

Habitação e energia

O único grupo a apresentar queda de preços em maio de 2022 foi Habitação que teve recuo de 1,70%, segundo o IBGE, contribuindo com um impacto de -0,26 p.p. na inflação do mês. A queda deve-se à redução nas contas de energia, pelo segundo mês seguido, em função de mudança de bandeira tarifária. Em 16 de abril, cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à bandeira Escassez Hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.

As variações de energia elétrica nas áreas estudadas foram desde queda de 13,49% em Brasília - onde houve redução de PIS/COFINS - até alta de 6,97% em Fortaleza, por conta do reajuste de 24,23% nas tarifas residenciais, aplicado a partir de 22 de abril, segundo o IBGE.

Preços da construção tiveram em maio a maior alta desde junho de 2021

Em outra publicação divulgada nesta quinta-feira, 9 de junho, o IBGE trouxe estudo atualizado sobre o desempenho dos preços na área de construção civil no país.

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado hoje (09) pelo IBGE, apresentou alta de 2,17% em maio, um aumento de 0,96 ponto percentual (p.p.) em relação a abril (1,21%), registrando a maior taxa desde junho de 2021. Dessa forma, o acumulado no ano é avanço de 5,77%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 15,44%, pouco acima dos 15,00% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. Em maio do ano passado, o índice foi de 1,78%.

O Sinapi, cuja produção é feita em conjunto entre IBGE e a Caixa, mostra que o custo nacional da construção (por metro quadrado) passou de R$ 1.567,76 em abril para R$ 1.601,76 em maio, sendo R$ 962,98 relativos aos materiais e R$ 638,78 à mão de obra. "A taxa de maio foi influenciada pelas altas nos materiais e pelos diversos acordos coletivos firmados no mês", explica Augusto Oliveira, gerente do Sinapi.

A parcela dos materiais de construção continua a trajetória de alta. Em maio, subiu 1,96% (ou 0,10 ponto percentual), apresentando a maior variação desde agosto de 2021. Na comparação com o índice do ano anterior (2,66%), houve queda de 0,70 p.p.

Já na parcela que diz respeito à mão de obra da construção, os vários acordos coletivos firmados no mês pressionaram para o resultado de 2,49% em maio, uma alta de 2,25 pontos percentuais em relação a abril (0,24%). Também houve aumento no comparativo anual, crescendo 1,91 p.p. em relação a maio de 2021 (0,58%). "Essa recomposição salarial atinge todos as categorias profissionais, tanto os que ganham o piso, quanto os que ganham acima, impactando no índice", justifica o gerente da pesquisa.

No acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, materiais registram alta de 5,82% e mão de obra, 5,69%. Já no quadro do acumulado dos últimos 12 meses, o resultado foi 18,89% (materiais) e 10,59% (mão de obra).

- Acesse a íntegra do Sinapi de maio.

Com informações, Agência IBGE Notícias.