O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano. A primeira reunião de 2022 iniciou nessa terça dia 1º, e a decisão foi divulgada no início da noite dessa quarta-feira, 2 de fevereiro. A taxa estava em 9,25% até então.

Essa elevação de mais 1,5 ponto percentual já era esperada pelo mercado financeiro e já havia sido prevista também pelo próprio Copom. Desde o início de 2021, o órgão vem elevando progressivamente a taxa com o objetivo de controlar a inflação que, apesar dos esforços, encerrou o ano em 10,06% (IPCA).

Dessa forma, esse já é o oitavo aumento consecutivo (confira o histórico mais abaixo) e em comparação com o início de 2021, quando ela estava em sua mínima histórica de 2%, já são 8,75 pontos percentuais a mais.

Essa é também a primeira vez que a taxa básica de juros da economia brasileira fica em dois dígitos em quatro anos e meio. Veja abaixo o que disse o Copom e quais as expectativas para as próximas reuniões.

Copom prevê novos aumentos

Segundo o relatório divulgado ao fim da reunião nessa quarta-feira, dia 2, o Copom não descarta a possibilidade de novos reajustes já na próxima reunião, porém, "antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros" em seus próximos passos.

O relatório apontou ainda que pesaram na decisão os seguintes fatores:

  • No cenário externo, o ambiente segue menos favorável. A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes. Além disso, a nova onda da covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção;
  • A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como principalmente nos itens associados à inflação subjacente;
  • As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;
  • Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário de referência;
  • Por outro lado, apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação e, portanto, a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência.

Próxima reunião acontece em março

As reuniões do Copom são realizadas a cada 45 dias em média, sempre em dois dias, sendo esses dias normalmente terça e quarta-feira. A última reunião de 2021 foi nos dias 7 e 8 de dezembro e a próxima será nos dias 15 e 16 de março.

Veja abaixo a agenda completa do Copom para 2022:

  • 1º e 2 de fevereiro;
  • 15 e 16 de março;
  • 3 e 4 de maio;
  • 14 e 15 de junho;
  • 2 e 3 de agosto;
  • 20 e 21 de setembro;
  • 25 e 26 de outubro;
  • 6 e 7 de dezembro.

Histórico da Taxa Selic

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 +1%
04/08/2021 5,25 +1%
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 0
09/12/2020 2,00 0
Créditos: Banco Central/Poupar Dinheiro