O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira, 8 de fevereiro, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). E de acordo com o documento, o ritmo de ajuste da taxa básica de juros, a Selic, deve reduzir. Entretanto, essa previsão pode ser revista, para que a inflação vá em direção à meta.

Na semana passada, o comitê confirmou o aumento da taxa Selic de 9,25% para 10,75% ao ano. A justificativa é o aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia. Ademais, é a primeira vez, desde julho de 2017, quando chegou a 10,25% ao ano, que a Selic chegou a marca de 2 dígitos.

De acordo com a ata do Copom do BC:

"Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante".

Além disso, o Copom afirma que:

"Passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária".

Projeções da Taxa Selic

No cenário de referência que o Copom expôs, com a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e dólar cotado a R$ 5,45, as projeções de inflação ficariam em torno de 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023.

O cenário supõe a trajetória de juros que se eleva para 12% ao ano, no primeiro semestre de 2022, encerra o período em 11,75% ao ano, e reduz-se para 8% ao ano em 2023.

Segundo essas projeções, a inflação deve terminar 2022 acima da meta que é 3,5%. O limite de tolerância é 1,5 ponto percentual. Ou seja, a inflação pode ficar entre 2% e 5%. Já para 2023, o centro da meta é de 3,25%, também com tolerância de 1,5 ponto percentual.

Ademais, as projeções para a inflação de preços administrados são de 6,6% para 2022 e 5,4% para 2023. Segundo o comitê, "Adota-se a hipótese de bandeira tarifária vermelha patamar 1 em dezembro de 2022 e dezembro de 2023".

Fatores de risco

Segundo o cenário de referência do Copom, a inflação envolve os fatores de risco em todas as direções. Por um lado, uma "possível reversão, ainda que parcial", da elevação nos preços das commodities em moeda local produziria a trajetória de inflação abaixo do cenário de referência.

Por outro lado, "políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país".