O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta de inflação para 2024 em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O anúncio foi feito pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, dia 24 de junho.

As metas de inflação para 2022 e 2023 foram mantidas, respectivamente, em 3,5% e 3,25%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Esse é o valor que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderá alcançar nos próximos anos.

Em nota, o Ministério da Economia destacou que o anúncio reduz incertezas e aumenta a capacidade de planejamento dos agentes econômicos (famílias, empresas e setor financeiro). Segundo a pasta, a busca pelo equilíbrio nas contas públicas cria um ambiente favorável para a redução estrutural da inflação e dos juros.

Juros altos em 2021

Para alguns especialistas, porém, essa expectativa está sendo considerada excessivamente positiva e até ousada, principalmente levando em consideração os atuais índices do IPCA que, nos últimos 12 meses já acumula uma alta de 8,06%, sendo que desses, 3,22% são referentes ao ano de 2021.

A expextativa é de que a inflação medida pelo IPCA encerre 2021 em 5,90%, segundo o último Boletim Focus, análise divulgada pelo Banco Central semanalmente. Se isso acontecer, a inflação terá estourado o teto da meta do governo para o ano, cujo centro era de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. Quando isso acontece o presidente do Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões.

Uma das medidas que vêm sendo tomadas pelo Banco Central para tentar conter essa inflação é a elevação da taxa Selic, a taxa de juros básica do país que, em 2021 já passou por três aumentos consecutivos. Ela iniciou o ano em 2% e na semana passada, quando ocorreu a última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) ela foi definida em 4,25%.

A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic encerre 2021 em cerca de 6,50%. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Mas mesmo diante de choques adversos, como a pandemia e a alta das commodities (bens agrícolas com cotação internacional), que contribuíram para a elevação da inflação em 2021, o governo afirma que a manutenção do teto de gastos e o compromisso com o equilíbrio fiscal no médio e no longo prazo mantêm o ambiente favorável à estabilidade macroeconômica.

Histórico

Até 2016, a meta de inflação era fixada com dois anos de antecedência, mas um decreto publicado no Diário Oficial da União em junho de 2017 determinou que a definição passasse a ser feita três anos antes. De acordo com o Banco Central (BC), a mudança teve como objetivo reduzir as incertezas e melhorar a capacidade de planejamento das famílias, das empresas e do governo.

Desde 2005, o centro da meta de inflação estava em 4,5%, com 2,5 pontos de margem de tolerância. Em 2006, esse intervalo caiu para 2 pontos e permaneceu assim nos anos seguintes até ser reduzido para 1,5 ponto para 2017 e 2018, banda que será mantida agora até 2024.