Tem um dinheiro sobrando ou está deixando uma grana reservada para investir mas não sabe por onde começar? Uma saída sempre é dar uma conferida nas carteiras recomendadas disponibilizadas por algumas corretoras e bancos.

De uma forma geral, essas carteiras costumam ser atualizadas periodicamente (normalmente uma vez por mês) e isso costuma ser feito por especialistas, pessoas com experiência e formação específica para atuar com o mercado financeiro e que por isso, têm condições de analisar o mercado, as ações e como tudo isso pode se comportar.

Uma das corretoras que oferece esse tipo de conteúdo é a Órama Investimentos. E nós do Poupar Dinheiro trazemos aqui pra você essas informações. Abaixo, saiba um pouco mais sobre a carteira recomendada dessa corretora e veja quais são as ações listadas nesse mês.

Análise mensal

No mês de agosto, a carteira mensal teve um excelente desempenho, positivo em 9,4%. O número foi em linha com o Ibovespa, o índice de referência. Destaque positivo para as ações da Via (VIIA3), com alta de 36% no mês. BTG Pactual também foi destaque, acumulando 17% de alta. O único papel que ficou no negativo no período foram as ações da Natura (NTCO3), acumulando 5% de queda, na esteira de resultados que frustraram o mercado.

Para setembro, a Órama incluiu as ações da Suzano (SUZB3) na carteira. A Suzano é a maior produtora de celulose de mercado do mundo, com um custo de produção baixíssimo e alta tecnologia, não só industrial como também biológica. O preço/lucro está em um patamar bem baixo, inferior a 6x, a demanda pela commodity é razoavelmente estável e há pouca entrada de capacidade global no pipeline.

Em paralelo, foram retiradas as ações da Natura.

"Mantemos a nossa recomendação de compra no papel, porém a perspectiva de volatilidade para o preço é bastante alta, ao longo de um horizonte indeterminado, e com isso a nossa recomendação de investimento neste papel fica restrita somente para os investidores com maior apetite a risco", diz a análise.

Ações recomendadas para o mês

As ações listadas no mês são as seguintes:

Ticker Empresa Segmento Peso Preço Alvo Upside
SUZB3 Suzano Papel e Celulose 10% R$ 64,50 34,4%
BBDC4 Bradesco Bancos 10% R$ 23,40 20,7%
BPAC11 Banco BTG Bancos 10% R$ 30,01 14,8%
ALSO3 Aliansce Sonae Shoppings 10% R$ 21,09 13,6%
CVCB3 CVC Turismo 10% R$ 15,00 87,3%
VALE3 Vale Mineração 10% R$ 85,00 24,7%
SIMH3 Simpar Transporte 10% R$ 19,25 75,2%
UGPA3 Ultrapar Combustíveis 10% R$ 27,01 89,7%
BRFS3 BRF Proteína 10% R$ 23,70 42,6%
VIIA3 Via Varejo 10% R$ 7,00 104,7%

Suzano (SUZB3)

A Suzano é a maior produtora de celulose de mercado do mundo, com mais de 10 milhões de toneladas vendidas nos últimos doze meses. A companhia possui diferenciais competitivos bastante fortes, em especial no cultivo e manejo de florestas. As regiões de plantio propiciam crescimento bastante acelerado, o que se soma às variedades de eucalipto com perfil genético diferenciado que são cultivadas pela companhia. As unidades produtivas são relativamente bem localizadas em relação às florestas, e com isso a companhia consegue custos bastante baixos. Devido à grande escala, a parte logística também acumula vantagens de custo.

A Suzano mantém endividamento adequado, operando num múltiplo de 2,3x dívida líquida/EBITDA.

Bradesco (BBDC4)

O Bradesco é um dos maiores bancos deste país, com o seu principal negócio na concessão de crédito, mas também em serviços financeiros, investment banking e seguros. O banco possui um economics razoavelmente estável, com previsibilidade nos números de curto prazo.

Optamos por colocá-lo na nossa carteira primeiramente pela relevância do business de concessão de crédito no negócio, em especial no que se refere aos clientes large corporate. Este será um dos últimos negócios a serem atacados pelas fintechs, além de se beneficiar de um fator conjuntural que é a alta da Selic. O business de seguro de saúde também deve se beneficiar dessas mesmas componentes.

Nesse preço de 1,3 valor patrimonial, o banco se mantém com um dos valuations mais atrativos do setor. Esperamos uma deterioração de longuíssimo prazo no RoE por conta de menos receita nos serviços financeiros ao varejo, mas ainda assim o papel se mantém atrativo.

Banco BTG Pactual (BPAC11)

O banco vem se consolidando como uma plataforma completa de serviços financeiros, que atende desde a pessoa física até os clientes mais sofisticados. Assim, enxergamos com bons olhos o aumento nas taxas de juros, que resulta em maiores spreads cobrados nas operações de intermediação e gera uma ampla gama de possibilidades de estruturação e prestação de serviços.

Ressaltamos ainda o notável crescimento das operações que o banco entregou ao longo dos últimos dois anos, com especial atenção para os serviços de wealth management, que geram importantes sinergias e receitas para a companhia. O grande ativo do banco é a excelência do seu time e sua capacidade de entrega.

Aliansce Sonae (ALSO3)

A Aliansce é uma das empresas mais tradicionais no setor. Vinda de uma aquisição recente, da Sonae Sierra, a empresa conseguiu emplacar com sucesso a aquisição da BR Malls, consolidando a sua posição como líder no setor. O empresário de referência da Aliansce, Renato Rique, é conhecido pelo seu sucesso. Operacionalmente, o setor ainda se encontra aquém de onde estava antes da pandemia e vislumbramos bastante espaço para melhora.

Depois da fusão, projetamos para a nova companhia uma geração de caixa (EBITDA) de quase R$ 2 bi e um lucro líquido na casa dos R$ 840 milhões. A cia. negocia amplamente abaixo do book e em múltiplos historicamente baixos de lucro e EBITDA, tendo espaço para alta vindo tanto de melhora da percepção do mercado quanto de melhoras operacionais.

CVC Corp (CVCB3)

A CVC é uma operadora do segmento de turismo, sendo uma das maiores deste setor da América Latina. A instauração da pandemia, como era de se esperar, aplicou um duro golpe nas ações da CVC e desde então a companhia não conseguiu restabelecer sua operação de forma satisfatória.

As possibilidades de novas ondas da covid-19 são riscos para a operação da CVC, contudo, caso os planos de vacinação sigam conforme o esperado, acreditamos que as ações voltem a ser negociadas em patamares que eram vistos antes da pandemia, abrindo espaço para ganhos significativos.

A empresa vem tendo melhoras nos números ao longo de 2021, mesmo com a permanência da situação adversa da covid. Esperamos uma melhora mais substancial para o ano de 2022.

Vale (VALE3)

O que estamos vendo no mundo neste momento são economias aquecidas, com ampla liquidez e atividade econômica robusta. Essas componentes têm segurado os preços das commodities lá em cima. Além desta componente, vemos no horizonte estímulos vindo para reforma de infraestrutura nas economias desenvolvidas, o que vai aumentar a demanda por minério no futuro. Esse crescimento de demanda tem impactado de forma significativa os preços da commodity e, consequentemente, beneficiado as mineradoras de forma geral.

A companhia possui algumas plantas que estão paradas e assim, mesmo que a demanda por minério aumente, será possível honrar os pedidos sem grandes problemas.

Seu robusto pagamento de dividendos semestrais é um grande atrativo e uma forma de balancear nossa carteira de investimentos com uma empresa bastante sólida.

Simpar (SIMH3)

A Simpar é a holding que controla empresas como a Movida, JSL e o Grupo Vamos. Nos negócios de logística e aluguel de carros, a empresa já está mais madura, com um fluxo de caixa estável e crescimento adequado. Já na Vamos, temos uma empresa de crescimento bastante acelerado, com um mercado endereçável enorme e uma fatia de mercado pequena, mesmo sendo líder.

A gestão da família Simões tem sido impecável, com um longo histórico de entregas nos diferentes setores. A empresa segue abrindo novas avenidas de crescimento, como por exemplo na BBC, sua empresa de leasing, para onde contratou o executivo Paulo Caffareli como CEO. Em paralelo, a compra da Ciclus inaugura a atuação da empresa no segmento de tratamento de resíduos sólidos - outro nicho com muito espaço para crescer no país.

Grupo Ultra (UGPA3)

O Grupo Ultra é uma holding com diversos negócios no ramo petroquímico, com destaque para a rede Ipiranga de distribuição de combustíveis.

A companhia seguiu uma estrutura de corporation e expandiu tanto geograficamente quanto em termos de linha de negócio, até um determinado momento em que a sua lucratividade ficou prejudicada. Passou por uma reestruturação, com a troca de diversos membros da diretoria, board e entrada de um acionista de referência e de peso, a gestora Pátria. Em termos de estratégia, está em período de desinvestimento de diversos ativos periféricos, reduzindo alavancagem e se preparando para se beneficiar dos desinvestimentos da Petrobras no ramo de refinarias.

Neste ano Marcos Lutz assume como CEO com a missão de botar os negócios de distribuição nos trilhos novamente. Lutz é um excelente executivo e nós vemos essa mudança com muito bons olhos.

Brasil Foods (BRFS3)

A empresa foi consolidada com a compra da Sadia pela Perdigão, anunciada em 2009. A BRF então se tornou investida da Tarpon, que tentou emplacar um novo modelo de gestão, sem sucesso. A cia. então teve um turnaround orquestrado pelo famoso executivo Pedro Parente, que enxugou a estrutura, vendeu operações e reestruturou todo o lado agribusiness do negócio. Este último foi bem sucedido.

Recentemente, a companhia se tornou alvo de aquisição da Marfrig, gerando atritos entre a Previ e Marcos Molina. Hoje Molina tem um poder decisório bem grande na empresa, atuando quase como controlador.

Optamos por incluir a BRF na carteira pois é uma das poucas produtoras de commodities que não tiveram alta de preço recentemente. É claro que grãos representam o custo mais pesado da empresa, e isso pode sim pressionar margens. Mas vemos amplo poder de repasse por parte da empresa. Temos perspectiva positiva no médio prazo, conforme os números da companhia se mostrem menos deteriorados do que o esperado pelo mercado.

Via (VIIA3)

A Via é uma varejista de itens de consumo discricionário, como linha branca e eletroeletrônicos. Após sua criação, na fusão das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, a empresa foi controlada pelo grupo francês Casino e teve a sua dinâmica interna bastante deteriorada.

Michel Klein adquiriu o controle da companhia em 2019, e vem capitaneando mudanças bastante positivas. O destaque desta posição é o preço — a avaliação atual do mercado sequer reflete uma empresa de varejo bem gerida, e ignora completamente os avanços do ponto de vista tecnológico. Por isso optamos por incluir Via na nossa carteira.