Como já era esperado, o Banco Central, em mais uma reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a taxa Selic em 1,5 p.p. para 9,25% ao ano, subindo pela sexta vez em 2021 a taxa de juros básicos brasileiros. Trata-se do maior patamar da taxa Selic desde 2017.

Nesse cenário, muito investidores estão mudando suas estratégias de investimentos, buscando se adaptar a esses juros mais altos, o que é importante porque a subida deles impacta também na bolsa brasileira.

Segundo o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, isso acontece de quatro formas:

  1. aumenta o custo de dívida das empresas;
  2. aumenta o custo de capital;
  3. compete por fluxos de investimentos para renda fixa; e
  4. levam à uma contração na demanda.

Por isso, segundo ele, momentos de crise como essa "exigem cautela - com controle de exposição a risco e diversificação - mas também que possamos olhar para eles pelas oportunidades que nos trazem de fazer bons investimentos a preços mais atrativos".

Ações pagadoras de dividendos ainda superam taxa de juros; saiba quais são elas

Apesar da alta na taxa Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano, as ações conhecidas por distribuir bons e recorrentes dividendos ainda superam a taxa básica de juros.

Nesse sentido, os rendimentos de dividendos acima da taxa de juros para algumas empresas são vistos como uma boa oportunidade pois os investidores possuem uma "garantia" de retorno, além de seus possíveis ganhos com a performance da ação. Ou seja, além da possibilidade de ganho de capital, o investidor conta também com uma rentabilidade adicional na forma de proventos.

Dessa forma, a XP listou 10 ações que podem pagar um dividend yield (rendimento dos dividendos) acima de 9,25% ao ano. Confira:

Ações com dividend yield acima de 9,25%:

Créditos: XP Investimentos
Créditos: XP Investimentos

Saiba mais sobre cada uma delas abaixo:

Plano e Plano (PLPL3) - Compra

Setor de atuação: Construtora

A com companhia que atua principalmente na região metropolitana de São Paulo tem um histórico sólido focado no segmento de baixa renda e já pagou aproximadamente R$ 40 milhões em dividendos em 2021, e deve continuar nessa tendência em 2022, o que resultaria em um dividend yield de 13,8%. Isso também lhe dá um preço de ação bastante atrativo, negociada a um múltiplo de 3,3 vezes o preço sobre o lucro.

Banco do Brasil (BBAS3) - Compra

Setor de atuação: Financeiro

O banco combina: i) preço atrativo, pela sua carteira de crédito defendida e pela soma das partes atraente; e ii) uma frente digital competitiva. Acreditamos que a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, pois o banco deve aumentar seu payout em um cenário de: i) maior capitalização; ii) recuperação de lucros; iii) Previ I com superávit de R$ 22 bilhões; e iv) um atrativo 0,6x P/VP. Estimamos um payout de 60% em 2022 e vemos um dividend yield de 14,8%. Temos recomendação de Compra para Banco do Brasil e preço-alvo de R$ 52/ação.

Engie (EGIE3) - Neutro

Setor de atuação: Geração de energia elétrica

A Engie Brasil se destaca por sua capacidade diferenciada de se proteger de efeitos hidrológicos adversos, somada a sua diversificação de portfólio com a entrada nos setores de transmissão de energia e transporte de gás. A administração da companhia tem um compromisso de payout mínimo de 55% do lucro líquido ajustado. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos superior. Apesar do cenário hidrológico de estresse em 2021 a companhia apresentou até agora um payout de 100% no ano. Com isso, estimamos um dividend yield 11,2% em 2022. Temos recomendação neutra em EGIE3 com preço-alvo de R$ 48/ação.

Usiminas (USIM5) - Neutro

Setor de atuação: Siderúrgica

Para a XP o ano de 2021 foi excepcional para as siderurgicas brasileiras, com preços realizados altos, levando a uma geração de caixa recorde. "No caso da Usiminas, seus bons resultados no ano também se deveram ao ótimo desempenho do segmento de mineração, apesar da forte queda da commodity no segundo semestre. Sendo assim, com base nesse desempenho, acreditamos que a companhia distribuirá dividendos robustos no ano que vem", avaliam os analistas.

Bradesco (BBDC4) - Neutro

Setor de atuação: Financeiro

O banco combina: i) uma fonte diversificada de receitas, incluindo a maior seguradora do Brasil em market share; ii) a terceira maior carteira de crédito; iii) maior espaço para corte de custos do que o Itaú e Santander; e iv) sinergia entre seus negócios. Embora o banco tenha mostrado esforços em iniciativas como o banco Next, Ágora e Cielo, acreditamos que não haja claras oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, tornando atrativa a distribuição de dividendos. Estimamos um payout de 75% em 2022 e vemos um dividend yield atrativo de 10,6% em 2022. Temos recomendação Neutra para o Bradesco e preço-alvo de R$ 26/ação.

BrasilAgro (AGRO3) - Compra

Setor de atuação: agronegócio

O setor como um todo é visto com muito otimismo para 2022 pelos analistas, pois as vendas a termo devem sustentar a alta dos preços das commodities, mas a empresa também possui um balanço sólido que deve se traduzir em maiores dividendos. A empresa já anunciou R$ 260 milhões em 2021 (o que já lhe dá um dividend yield de 10,3%) e ela deve seguir nessa faixa no próximo ano.

TAESA (TAEE11) - Neutro

Setor de atuação: Geração de energia elétrica

Vemos a posição da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% de payout. De acordo com o Estatuto Social da Companhia, o dividendo anual mínimo distribuído é de 50% do lucro líquido ajustado do exercício. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos bem acima da remuneração mínima que consta em seu Estatuto. Estimamos um dividend yield de 9,8% em 2022 para TAEE11. Mantemos nossa recomendação neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 37/unit.

Itaú Unibanco (ITUB4) - Neutro

Setor de atuação: Financeiro

O banco combina: i) investimentos de qualidade, com boa gestão e governança que se traduzem em menor beta; e ii) um payout historicamente acima da média do setor. Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Estimamos um payout de 80% em 2022 e vemos um dividend yield de 9,4%. Temos recomendação Neutra para Itaú e preço-alvo de R$ 28/ação.

Santander (SANB11) - Venda

Setor de atuação: Financeiro

Apesar de o Santander ser o banco com menor diversificação de receita entre os incumbentes, apresenta uma combinação de: i) alta exposição ao crédito de varejo; e ii) níveis de inadimplência relativamente abaixo da média. Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Estimamos um payout de 75% em 2022 e vemos um dividend yield de 9,3%.

Even (EVEN3) - Neutro

Setor de atuação: construtora

Focado no segmento de média e alta renda, a Even deve pagar aproximadamente R$ 200 milhões em dividendos em 2022, o que levaria a um dividend yield de 9,6%. "A empresa opera principalmente em São Paulo e Rio Grande do Sul via (Melnick), onde possuem vasta experiência, e vem mantendo seu ritmo sólido de crescimento apesar dos desafios da pandemia", apontam os analistas.