Cumprindo com as expectativas do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu elevar a Taxa Selic para 9,25% ao ano nessa quarta-feira, 8 de dezembro, naquela que foi a 8ª e última reunião de 2021.

Esse foi o sétimo aumento consecutivo na taxa básica de juros que iniciou 2021 em 2%, o menor patamar da história do Brasil. Ao fim do último encontro, realizado em outubro, o Copom já havia anunciado que um novo aumento, na faixa dos 1,5%, deveria acontecer ainda nesse ano.

um novo aumento na mesma proporção já é previsto para a primeira reunião de 2022, marcada para fevereiro.

O objetivo do Copom, ao elevar a Selic, continua sendo o tentar controlar a inflação que já acumula uma alta de 10,67% nos últimos 12 meses.

Confira um trecho do relatório do BC

"Em sua 243ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,25% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

  • No cenário externo, o ambiente se tornou menos favorável. Alguns bancos centrais das principais economias expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes. Além disso, a possibilidade de nova onda da Covid-19 durante o inverno e o aparecimento da variante Ômicron adicionam incerteza quanto ao ritmo de recuperação nas economias centrais;
  • Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores divulgados desde a última reunião mostram novamente uma evolução moderadamente abaixo da esperada;
  • A inflação ao consumidor continua elevada. A alta dos preços foi acima da esperada, tanto nos componentes mais voláteis como também nos itens associados à inflação subjacente;
  • As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;
  • As expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 10,2%, 5,0% e 3,5%, respectivamente; e
  • No cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,65*, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 10,2% para 2021, 4,7% para 2022 e 3,2% para 2023. Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 9,25% a.a. neste ano e para 11,75% a.a. durante 2022, terminando o ano em 11,25%, e reduz-se para 8,00% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 16,7% para 2021, 3,8% para 2022 e 5,2% para 2023. Adotam-se bandeira tarifária "escassez hídrica" em dezembro de 2021 e a hipótese de bandeira tarifária "vermelha patamar 2" em dezembro de 2022 e dezembro de 2023."

- Clique aqui para conferir o relatório na íntegra.

Trajetória de elevações em 2021

Esse aumento definido hoje foi o segundo de 1,5%, antes disso porém houve ajustes em patamares diferentes. Relembre abaixo:

  • 20 de janeiro: manteve em 2%
  • 17 de março: sobe 0,75% (para 2,75%)
  • 5 de maio: sobe 0,75% (para 3,5%)
  • 16 de junho: sobe 0,75% (para 4,25%)
  • 4 de agosto: sobe 1% (para 5,25%)
  • 22 de setembro: sobe 1% (para 6,25%)
  • 27 de outubro: sobe 1,5% (para 7,75%)
  • 8 de dezembro: sobe 1,5% (para 9,25%)

E como será em 2022?

As reuniões do Copom acontecem a cada 45 dias em média e, portanto, cerca de 8 reuniões deverão acontecer ao longo de 2022 também. A primeira delas está marcada para os dias 1º e 2 de fevereiro de 2022. Veja todas as datas abaixo:

  • 1º e 2 de fevereiro;
  • 15 e 16 de março;
  • 3 e 4 de maio;
  • 14 e 15 de junho;
  • 2 e 3 de agosto;
  • 20 e 21 de setembro;
  • 25 e 26 de outubro;
  • 6 e 7 de dezembro.

E se a taxa termina 2021 em 9,25%, para 2022, acredita-se que ela deve subir ainda mais, chegando a 11,25%, voltando para os 8% em 2023 e caindo para 7% em 2024, segundo informações divulgadas pelo último Boletim Focus do Banco Central.

Inflação já passa dos 10% em 12 meses

O mesmo Boletim Focus prevê que 2021 encerre com uma inflação de 10,18%. De janeiro a outubro, a inflação já acumula 8,24% e, nos últimos 12 meses, chega a 10,67%. Os dados do IPCA referentes a novembro ainda não foram divulgados pelo IBGE.

Ainda de acordo com o Boletim Focus, para 2022, a estimativa é de que o IPCA fique em 5,02% ao ano e em 2023 a previsão é de 3,50%. Já para 2024 o mercado acredita que deve ficar na faixa dos 3,10%.

Como a Selic controla a inflação?

A resposta é mais simples do que pode parecer num primeiro momento: quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a ser definida em 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.