O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acaba de encerrar a segunda reunião de 2022 e de divulgar sua decisão: a Selic, taxa básica de juros brasileira, vai subir para 11,75%. Um aumento de 1 ponto percentual e o 9º aumento consecutivo.

Um novo aumento já era esperado pelo mercado financeiro, já que a inflação está alta no Brasil e a Selic é a principal ferramenta do BC para controle da alta de preços e da desvalorização do real. Além disso, o próprio Copom já havia previsto essa possibilidade no relatório divulgado ao fim do último encontro.

Veja abaixo o que disse o Copom ao fim dessa reunião e saiba como esse novo ajuste impacta em sua vida financeira.

O que disse o Copom?

Além de todos os problemas internos, o COPOM disse que "o conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas".

Mesmo com atividade econômica em ritmo de atividade acima do esperado, a inflação segue sendo um problema para os brasileiros. Assim, "as expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus são de 6,4% e 3,7%, respectivamente", disse o COPOM.

A trajetória de juros deve ainda se elevar para 12,75% em 2022 e reduzir para 8,75% a.a. em 2023, disse a nota.

A ata completa dessa reunião do Copom deve ser divulgada na próxima terça-feira, 22 de março e então, mais detalhes da reunião serão conhecidos.

Conflito entre Rússia e Ucrânia já causa impactos

Um dos fatores recentes e que vem causando grandes impactos nas expectativas tanto da Selic, quanto da inflação, quanto do PIB do Brasil - mas também de outros países - é a guerra que acontece na Ucrânia após a invasão russa, que iniciou no dia 24 de fevereiro e segue sem uma resolução.

Uma das primeiras mudanças previstas e, desde a semana passada já sentida pelos brasileiros, foi o preço dos combustíveis e do gás de cozinha. Com o preço do barril elevado - ele chegou a custar mais de US$ 130 e agora voltou para menos de US$ 100, mas ainda está alto - na sexta-feira, 11 de março, a gasolina subiu 18%, o diesel 25% e o gás 16%.

Isso se dá porque a Rússia é uma das principais exportadoras de petróleo e de gás do mundo. A Petrobras inclusive destacou que "apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petóleo".

Por isso, os especialistas estão apontando para impactos que ainda virão, especialmente se o conflito perdurar por muito tempo.

Mercado já prevê inflação acima de 6%

Nesse cenário, a nova alta da Selic vai ao encontro do que o mercado financeiro está esperando para 2022, ou seja, mais elevações no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - medidor da inflação - e na taxa de juros.

O último boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 14 de março, por exemplo, já mostrou que a expectativa para a Selic subiu de 12,25% ao ano para 12,75% ao ano até o fim de 2022.

Esse aumento também considera as expectativas do mercado externo já que o FED dos EUA já anunciou uma elevação considerável de sua taxa de juros também e isso causa impactos significativos por aqui.

Além disso, a expectativa para a inflação já está bem acima do teto da meta que era de 5%. agora, o mercado já está rrevendo um IPCA em 6,45% até o fim de 2022. A elevação nessa semana, em relação ao Boletim Focus divulgado semana passada, foi de 0,80 ponto percentual - resultado da alta dos combustíveis.

Como a alta da inflação impacta na nossa vida?

A Selic impacta de diversas formas na vida financeira dos brasileiros e engana-se quem pensa que apenas investimentos são afetados. Na verdade, por ser a taxa básica de juros, aqueles que possuem dívidas ou que pretendem fazer um financiamento, por exemplo, são diretamente impactados também.

Além disso, o rendimento da poupança também muda. Nesse caso, a notícia é boa, pois a caderneta está rendendo atualmente cerca de 0,5% ao mes (6% ao ano) + Taxa Referencial (TR). O rendimento em si não deve ser alterado, pois sempre que a Selic fica acima de 8,5% ao ano, a Poupança passa a render 6% fixos. No entanto, a TR será afetada, aumentando, assim, o rendimento da poupança.

As aplicações que rendem com base do CDI, como é o caso de diversas contas digitais, também são diretamente impactadas, porque o CDI sempre segue de perto a Selic. Até essa quarta-feira, dia 16, quando a Selic estava em 10,75%, o CDI estava em 10,65% ao ano. Há alguns descontos do Imposto de Renda, mas ainda assim é um bom rendimento.

Há ainda outros tipos de investimento que são impactados pela Selic, como os títulos do Tesouro Direto, especialmente Tesouro IPCA e Tesouro Selic. Há ainda os título LCI e LCA que costumam render um pouco menos do que o CDI, mas com base nele também, e que por isso também devem ver seus rendimentos subirem.