Um balanço divulgado pelo Banco Central (BC) nessa segunda-feira, 6 de dezembro, mostra que os brasileiros estão retirando mais dinheiro da poupança do que colocando. Apenas no mês de novembro, esses saques superaram os depósitos em cerca de R$ 12,3 bilhões, a maior retirada líquida para o mês desde o início da série em 1995.

Para se ter uma ideia, no mês passado, os depósitos chegaram a R$ 281,713 bilhões e os saques a R$ 294,09 bilhões. Já em novembro de 2020, houve mais depósitos do que saques, com saldo positivo de R$ 1,479 bilhão.

Mas porque isso está acontecendo? E se você acompanha as notícias de economia pode até estar se perguntando outra coisa: a constante elevação da Taxa Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil, não tem como objetivo diminuir o consumo e estimular a poupança do dinheiro? Então porque as pessoas estão tirando mais dinheiro do que colocando na caderneta?

Vamos falar sobre isso nesse texto. Continue a leitura.

Poupança reflete cenário econômico

O fato é que os saques e depósitos da poupança servem muito bem como um termômetro da economia. E o cenário atual é de dificuldades, ou melhor, de recessão técnica, como anunciado recentemente pelas autoridades competentes, já que, pelo segundo trimestre consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou queda.

Então, acreditamos que há três situações que estão impactando nessas retirada de dinheiro da poupança. Veja abaixo.

1. Pessoas estão precisando do dinheiro

Para fazermos uma comparação, em 2020, a poupança captou R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica, por influência dos depósitos do auxílio emergencial e o aumento do interesse pelo investimento, em meio à crise gerada pela pandemia de covid-19. Agora, em 2021, de janeiro a novembro, foi registada retirada líquida de R$ 43,157 bilhões. Pouco mais de 1/4 do que entrou no ano passado, já saiu esse ano.

Uma das explicações para isso, é que com o pagamento do auxilio ao longo de 2020, muitas famílias tiveram condições de juntar uma reserva de emergência e escolheram a poupança para guardá-la. Agora, em 2021, nesse cenário de dificuldade, desemprego, economia em desaceleração, inflação, elevação das taxas de juros, muitos tiveram que ir resgatando esses valores por uma questão de sobrevivência mesmo.

2. Black Friday pode ter ajudado

Outro fator a ser levado em consideração é que novembro é um mês tradicionalmente movimentado para o mercado em função da Black Friday e de todas as promoções em torno da data. No Brasil, ao longo de todo o mês são realizadas ofertas e oferecidos descontos e, naturalmente, muitas pessoas aproveitaram, muitos já pensando no Natal, inclusive.

Mas vale lembrar que em 2021, a lista dos desejos dos brasileiros mudou bastante. Se em outros anos, as prioridades eram os eletrônicos, nesse ano as buscas do Google foram inundadas por termos como roupas, tênis e até mesmo promoções relacionadas a alimentação. Isso também mostra o quando o brasileiro está precisando do seu suado dinheirinho e como ele está administrando o que entra.

3. Investir na poupança é mesmo uma boa?

Mas há ainda um terceiro fator a ser considerado. Se de um lado os brasileiros ainda usam muito a poupança, é cada vez mais fácil e comum ter acesso a informações e a um processo de educação financeira e dentro disso, muitos também são aqueles que têm optado por deixar seu dinheiro em outras contas ou mesmo que estão escolhendo investir aquele valor que sobra no fim do mês.

Se de um lado a poupança está perdendo valores, de outro lado investimentos em renda fixa, como os do Tesouro Direto, vêm crescendo nos últimos meses. A bolsa brasileira também registrou um crescimento significativo no número de contas em corretoras e no número de investidores no último ano.

Isso mostra que, de uma lado, muitas pessoas estão precisando do seu dinheiro e retirando-o de suas contas, mas que de outro, aqueles que ainda têm uma reserva também estão deixando-a em contas alternativas à poupança, buscando, assim, conseguir um rendimento que, pelo menos, cubra a inflação acelerada, que já passa dos 10% nos últimos 12 meses.

Quais são as melhores alternativas à poupança?

E de fato, nós do Poupar Dinheiro temos o dever de te dizer que a poupança não está cobrindo a inflação. Na verdade, com a inflação a mais de 10%, a caderneta, apesar de ser muito tradicional e fácil de ser utilizada, está com seu pior rendimento real (o rendimento descontada a inflação) dos últimos 30 anos.

Então, talvez a melhor alternativa seja mesmo buscar outras opções. Confira abaixo algumas delas:

  1. Bancos digitais: enquanto a poupança tem um rendimento de 70% da taxa Selic (ou de 0,5% ao mês se a Selic estiver em mais de 8,5% ao ano), a maior parte das contas de bancos digitais oferece rendimentos de 100% do CDI (taxa que segue muito de perto a Selic) e alguns prometem até 150% do CDI. São alternativas melhores do que a poupança;
  2. Renda fixa: os títulos do Tesouro Direto, os CDBs, os LCIs e is LCAs se encontram dentro desse grupo e, todos são alternativas de investimento muito seguras caso essa seja uma preocupação sua (de quem não é, né?). Aqui no Poupar Dinheiro você encontra várias matérias que explicam mais sobre cada um deles;
  3. Fundos imobiliários: os Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) são, como o nome sugere, aplicações financeiras cujos ativos estão atrelados a imóveis. É como se fosse um condomínio de acionistas cujo objetivo é investir no desenolvimento e manutenção de projetos ligados ao setor imobiliário. A principal forma de ganho com esse ativo é a distribuição do lucro obtido pelos empreendimentos: os poventos. Porém, além disso, o investidor também ganha com a valorização dos ativos no mercado financeiro. A diferença em relação às ações, porém, é que os FIIs costumam ser bem menos voláteis. Assim, essa valorização costuma ser mais lenta. Por outro lado, esses ativos também são considerados mais seguros e são ótimas opções para investidores cujo perfil é mais conservador;
  4. Fundos de investimento: para quem quer se aventurar um pouquinho mais essa é outra opção. Os fundos são uma aplicação que reúne recursos de vários investidores para aplicar no mercado financeiro e de capital e cujos ganhos são divididos entre aqueles que participaram, na proporção dos valores oferecidos por cada um. Eles são administrados por um especialista que vai escolher os ativos para esse grupo de investidores e gerir a compra e venda deles, bem como a distribuição dos proventos. Por isso eles são considerados muito legais para quem está começando ou quer mais segurança, já que esse especialista sabe o que está fazendo e o investidor precisa se preocupar muito pouco;
  5. ETFs: ETF é a sigla para Exchange Traded Funds. Numa tradução literal significa "Fundos negociados em bolsa", porém, é mais comum eles serem chamados de Fundos de Índices pelos especialistas e eles têm muitas semelhanças com um fundo de investimentos tradicional, com a diferença de que são negociados diretamente na bolsa e sempre são ligados a um índice (como o Ibovesba, o SMALL, o IFIX, S&P 500, índices de criptomoedas, etc). Também são considerados relatimente seguros, já que eles seguem esses índices, normalmente compostos pelas melhores ações, aqueles que têm os melhores desempenhos;
  6. Ações: e por fim, também existem as ações, para aqueles investidores que desejam aplicações mais rentáveis, apesar do risco de serem também mais voláteis (assim como podem se valorizar muito de repente, também podem cair muito em suas cotações de repente). Para investir em ações, assim como em FIIs, Fundos de Investimento e em ETFs, é preciso ter uma conta em uma corretora de investimentos. Mas isso é bastante fácil de resolver. Hoje há várias opções disponíveis e muitas delas não cobram taxas para abrir conta ou para realizar a corretagem (compra e venda de ativos). É só baixar o aplicativo, criar a conta e escolher os ativos de sua preferência.

E aí, você ainda prefere deixar seu dinheiro na poupança?